Foi cancelada a desrespeitosa mostra de
quem exige respeito. Fechou a sectária exibição de quem se diz pela
diversidade. Cancelaram a pornográfica exposição que degradava a
homossexualidade. Neste último domingo (10/09), o Santander Cultural suspendeu
o Queermuseu. Antes tarde do que nunca.
Nas 48 horas anteriores à decisão, a
mobilização popular avolumou-se nas redes sociais e constrangeu o Santander a
encerrá-la com um explícito pedido de desculpas aos que se declararam
ofendidos. Não vou divagar sobre arte porque é um debate fora desta pauta e
porque, sobre tais temas, nunca se entenderão artistas, críticos de arte e
acadêmicos, seja entre si, seja uns com os outros. Meu interesse tampouco vai
para o Queermuseu. O mundo da cultura deve estar aberto às possibilidades da
criação humana. Pessoalmente, como não vou a exposições para sofrer, compareço
apenas às que me concedem prazer estético. E não seria este o caso.
O que me traz ao tema são as imagens
que vi e que clamavam por protesto da sociedade e providência dos responsáveis.
Convenhamos, uma exposição aberta ao público infantil exibindo atos de
zoofilia, figuras de crianças em sugestões de pedofilia, e desrespeitosas à fé
religiosa da maioria da população? A quem se sente discriminado e se declara
objeto de preconceito, o tal museu não faz muito para ajudar. Bem ao contrário,
num centro cultural importante da cidade, com direito a curadoria, coquetel de
abertura e cobertura de imprensa, exibia um mosaico de aberrações.
Como pode exigir respeito quem não respeita os
demais? Como pode pretender o devido reconhecimento social quem tolera ter sua
diversidade representada por aquelas imagens? Numa inépcia monumental, a
exposição favoreceu a atitude oposta. A ação teve o intuito de agredir
emocional e espiritualmente, e alcançou o que pretendia - rejeição emocional e
espiritual. O presidente do Santander Cultural, hospedeiro do evento, às
vésperas da decisão pelo fechamento, ainda insistia em que o Queermuseu
"está ancorado em um conceito no qual realmente acreditamos: a diversidade
observada sob aspectos da variedade, da pluralidade e da diferença". Só
faltou combinar com o conteúdo.
Tem tudo a ver com este caso a
persistência e a intolerância ululantes nas galerias dos parlamentos, em meio a
coloridos arcos-íris, sempre que a abordagem de questões de gênero em ambiente
escolar infantil e juvenil recebe veto legislativo. Chega a ser molestador,
doentio, esse desejo de influenciar a sexualidade infantil dentro de sala de
aula com a ideologia de gênero! Pois a mesma suspeitíssima fixação com a
sexualidade das crianças compareceu ao evento proporcionado pelo Santander
Cultural. Crianças merecem amor, respeito e zelo.
Esclarecimento ao leitor destas linhas:
quem pagou a conta desse despautério? Você, claro. Quem mais haveria de ser? O projeto foi desenvolvido pela Lei de
Incentivo à Cultura, com apoio do Ministério da Cultura e Governo Federal.
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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.