discute as tensões nas relações entre
ex-colônia e colonizador
A CAIXA Cultural Rio de Janeiro
apresenta, de 22 de março a 14 de maio de 2017, a exposição Daqui pra
frente – Arte contemporânea em Angola, que exibe obras da produção recente
de três artistas da novíssima geração do país:
Délio Jasse, Mónica de Miranda e Yonamine. Com a curadoria de Michelle Sales, a
mostra exibe uma série de fotografias, vídeos e instalações, fazendo um
mapeamento da fronteira estética entre a Angola de hoje e as imagens submersas
e muitas vezes escondidas de um passado colonial recente. O projeto tem patrocínio da Caixa
Econômica Federal e Governo Federal.
“A representação da
fronteira, excessivamente recorrente no pensamento atual, discute as trocas
culturais que ocorrem na situação de pós-independência que muitas das
ex-colônias vivem hoje. “Na maioria das vezes,
tais territórios são encarados como esquecidos, vigiados e vazios”, comenta a curadora Michelle Sales.
É justamente essa
perspectiva que o trabalho dos artistas busca problematizar e questionar sob
diferentes óticas. As obras de Délio Jasse, por exemplo, consistem, num embate
direto de referências que fazem alusão à crise de todo o modelo colonial e seus
desdobramentos contemporâneos: guerra, exílio, perdas. Através do retrato de
rostos escavados numa antiga feira de antiguidades de Lisboa, Délio nos coloca
frente a frente com aquilo que mais as práticas coloniais se ocuparam de apagar: as identidades.
Já Monica de Miranda
mostra os pedaços de uma memória coletiva que resiste no tempo. Angolana da
diáspora, seu trabalho atravessa diversas fronteiras e esboça uma paisagem de
identidades plurais inspiradas pela própria existência e vivência de uma
artista itinerante. Sua poética autoral e autorreferencial, inerente a uma
geração que cresceu longe de casa, já lhe rendeu diversos prêmios
internacionais.
E o trabalho de
Yonamine remete à arte urbana, usando referências que vêm do grafite, da
serigrafia e da pintura, num embate violento com o acúmulo cultural do caótico
cenário político-econômico de Angola. A alusão ao tempo presente é recorrente
na utilização de jornais como suporte. São muitas camadas históricas que se
somam, produzindo imagens profundamente perturbadoras e desestabilizadoras. O
artista fala de um país cujo passado foi sistematicamente apagado, seja pela
Guerra Civil, pela ocupação russa, cubana e agora chinesa e coreana.
Exposição
Daqui pra frente – Arte contemporânea
em Angola
Délio
Jasse, Mónica de Miranda e Yonamine
Curadoria:
Michelle SalesEntrada Franca
Local: CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Galeria 3
Endereço: Av. Almirante Barroso, 25 – Centro (Metrô e VLT: Estação Carioca)
Telefone: (21) 3980-3815
Abertura: 21 de março de 2017, terça-feira às 19h
Visitação: de 21 de março a 14 de maio de 2017
Horários: de terça-feira a domingo, das 10h às 21h
Classificação Indicativa: Livre