Frequência Cardíaca,
Medição e Monitores
Lucius Annaeus Seneca (4 a.c -65 d.c)
O coração, órgão do nosso corpo tão citado em rimas, versos e
poesias, não é apenas um símbolo da emoção, amor e paixão. Ele é na verdade uma
bomba muscular responsável pela circulação do sangue no organismo. Dividido em
dois lados, o direito bombeia o sangue pela circulação pulmonar, enquanto o
lado esquerdo libera o sangue para a circulação sistêmica. Ele não é um
metrônomo, aparelho que mede o tempo musical produzindo pulsos de uma forma
regular, seus batimentos não são sincronizados como de um relógio, por isso
acontece a variação da frequência cardíaca, que nada mais é que o número de
vezes que o coração se contrai e relaxa por minuto. Ela é um parâmetro para se
conhecer qual é o nível de esforço ideal para que os nossos alunos e atletas
amadores possam praticar exercícios físicos de maneira eficaz e com segurança.
Com isso podemos melhorar o nível de condicionamento deles com melhor
eficiência.
As medições dos batimentos cardíacos podem ser feitas
manualmente, sentindo o pulso no pescoço e no punho. No pescoço pode sentir a
pulsação na parte lateral abaixo da mandíbula, onde se percebe o fluxo de
sangue na carótida. Pressione suavemente com os dedos indicador e com o dedo
médio até sentir o fluxo sanguíneo. Como a região tem receptores de
pressão, se pressionarmos muito, poderá haver uma queda na frequência. No punho
abaixo da linha do polegar, poderemos perceber os batimentos. Com os dois dedos
citados, pressione essa área até perceber o fluxo sanguíneo. Não use o polegar,
pois poderá confundir a frequência.
Outra opção e a mais usada hoje em dia por treinadores,
atletas e amadores são os frequencímetros ou monitores de frequência cardíaca.
Composto por uma fita, que posicionam no tórax, abaixo dos mamilos e por um
dispositivo, que geralmente é um relógio, conseguem medir a frequência cardíaca
no mesmo instante. Existem hoje em dia, frequencímetros com várias funções como
hora, cronômetro, zona-alvo de treino, calorias, consumo máximo de oxigênio
(VO2 máx.), etc. Os frequencímetros vieram para simplificar e nos
oferecer praticidade sobre como orientar nossos alunos e atletas para as atividades
físicas.
A observação do pulso vascular é muito antiga. No Egito
antigo, os médicos já davam atenção para as pulsações sanguíneas, pois de
acordo com o Papiro de Ebers, ao colocar os dedos sobre várias partes do
corpo, o coração “fala” através dos vasos (Introcaso 2007).
Anos atrás, a prescrição dos exercícios era baseada na
frequência cardíaca máxima e o percentual de frequência cardíaca de trabalho
(intensidade), que nos leva ao resultado da frequência de treino. Esse cálculo
não é tão eficaz, pois não mensura a frequência cardíaca de reserva, que é
o resultado da diminuição da frequência cardíaca máxima com a frequência
cardíaca de repouso.
FC treino = FC repouso + Intensidade x (FC máxima – FC
repouso)
O cálculo da frequência cardíaca máxima mais usada de
predição é a de Karvonem. Ela foi publicada em 1957, e tem como base a idade do
indivíduo.
220 – idade = FC Máx.
Apesar de mais usada ela é muito questionada levando em conta
que os mais jovens poderão estar treinando além dos limites colocando o músculo
cardíaco em risco, considerando 200 batimentos para 20 anos de idade e por
outro lado os mais velhos poderão estar se exercitando aquém da capacidade
real, levando em conta uma pessoa de 50 anos, treinar a uma frequência de 170
bpm.
Outra fórmula é a de Tanaka (Hirofumi Tanaka), fisiologista
do Colorado, na qual determina a percentagem da frequência máxima teórica.
FC máxima teórica = 208 – 0,7 x idade
Com o uso do frequencímetros podemos realizar os treinos
dentro de uma zona-alvo já determinada pelo treinador. Os valores mensurados
dependem do nível de capacitação aeróbia e do nível de condicionamento do aluno
/ atleta. O treino poderá ser realizado também com o controle da frequência cardíaca,
interagindo com as diferentes intensidades de treinamento em um único treino.
Prescrevendo os treinos pela frequência cardíaca, teremos uma proficiência na
orientação dos exercícios.