quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

ESPORTE

Luciene Cury

Frequência Cardíaca, Medição e Monitores

 O médico não pode prescrever por carta, nós precisamos sentir o pulso”.

Lucius Annaeus Seneca (4 a.c -65 d.c)

   O coração, órgão do nosso corpo tão citado em rimas, versos e poesias, não é apenas um símbolo da emoção, amor e paixão. Ele é na verdade uma bomba muscular responsável pela circulação do sangue no organismo. Dividido em dois lados, o direito bombeia o sangue pela circulação pulmonar, enquanto o lado esquerdo libera o sangue para a circulação sistêmica. Ele não é um metrônomo, aparelho que mede o tempo musical produzindo pulsos de uma forma regular, seus batimentos não são sincronizados como de um relógio, por isso acontece a variação da frequência cardíaca, que nada mais é que o número de vezes que o coração se contrai e relaxa por minuto. Ela é um parâmetro para se conhecer qual é o nível de esforço ideal para que os nossos alunos e atletas amadores possam praticar exercícios físicos de maneira eficaz e com segurança. Com isso podemos melhorar o nível de condicionamento deles com melhor eficiência.

   As medições dos batimentos cardíacos podem ser feitas manualmente, sentindo o pulso no pescoço e no punho. No pescoço pode sentir a pulsação na parte lateral abaixo da mandíbula, onde se percebe o fluxo de sangue na carótida. Pressione suavemente com os dedos indicador e com o dedo médio até sentir o fluxo sanguíneo. Como a região tem receptores de pressão, se pressionarmos muito, poderá haver uma queda na frequência. No punho abaixo da linha do polegar, poderemos perceber os batimentos. Com os dois dedos citados, pressione essa área até perceber o fluxo sanguíneo. Não use o polegar, pois poderá confundir a frequência.

   Outra opção e a mais usada hoje em dia por treinadores, atletas e amadores são os frequencímetros ou monitores de frequência cardíaca. Composto por uma fita, que posicionam no tórax, abaixo dos mamilos e por um dispositivo, que geralmente é um relógio, conseguem medir a frequência cardíaca no mesmo instante. Existem hoje em dia, frequencímetros com várias funções como hora, cronômetro, zona-alvo de treino, calorias, consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.), etc. Os frequencímetros  vieram para simplificar e nos oferecer praticidade sobre como orientar nossos alunos e atletas para as atividades físicas.

   A observação do pulso vascular é muito antiga. No Egito antigo, os médicos já davam atenção para as pulsações sanguíneas, pois de acordo com o Papiro de Ebers, ao colocar os dedos sobre  várias partes do corpo, o coração “fala” através dos vasos (Introcaso 2007).

   Anos atrás,  a prescrição dos exercícios era baseada na frequência cardíaca máxima e o percentual de frequência cardíaca de trabalho (intensidade), que nos leva ao resultado da frequência de treino. Esse cálculo não é tão eficaz, pois não mensura a frequência cardíaca de reserva, que é o resultado da diminuição da frequência cardíaca máxima com a frequência cardíaca de repouso.

FC treino = FC repouso + Intensidade x (FC máxima – FC repouso)

   O cálculo da frequência cardíaca máxima mais usada de predição é a de Karvonem. Ela foi publicada em 1957, e tem como base a idade do indivíduo.

220 – idade = FC Máx.

   Apesar de mais usada ela é muito questionada levando em conta que os mais jovens poderão estar treinando além dos limites colocando o músculo cardíaco em risco, considerando 200 batimentos para 20 anos de idade e por outro lado os mais velhos poderão estar se exercitando aquém da capacidade real, levando em conta uma pessoa de 50 anos, treinar a uma frequência de 170 bpm.

   Outra fórmula é a de Tanaka (Hirofumi Tanaka), fisiologista do Colorado, na qual determina a percentagem da frequência máxima teórica.
FC máxima teórica = 208 – 0,7 x idade

   Com o uso do frequencímetros podemos realizar os treinos dentro de uma zona-alvo já determinada pelo treinador. Os valores mensurados dependem do nível de capacitação aeróbia e do nível de condicionamento do aluno / atleta. O treino poderá ser realizado também com o controle da frequência cardíaca, interagindo com as diferentes intensidades de treinamento em um único treino. Prescrevendo os treinos pela frequência cardíaca, teremos uma proficiência na orientação dos exercícios.