A revista New Scientist do começo de setembro revelou a descoberta de um sinal que pode ser de alguma civilização alienígena, através de um radiotelescópio operado pela Academia de Ciências da Rússia. Essa não é a primeira vez que os russos se envolvem em um notícia desse tipo, como relembro mais adiante.
O primeiro revés veio em um relatório informal divulgado pela seção do SETI, sigla em inglês que significa busca por inteligências extraterrestres, instalada na Universidade de Berkeley, em que a equipe relata que pesquisou em todos os dados arquivados no catálogo do Observatório de Radioastronomia Naval, mas não encontrou nada, se o sinal fosse real, eles teriam registrado.
Porém, a equipe russa pode ter tido muita sorte em detectar um pico nas suas observações. Mas também pode ser um transiente devido à interferência local ou ainda um sinal falso gerado por calibração dos equipamentos.
A equipe do Telescópio Green Bank também começou a observar a estrela e ainda não detectou qualquer emissão contínua, confirmando que a emissão detectada pelos russos não é uma emissão contínua. Enfim enquanto aguardamos, vamos lembrar uma gafe, o anúncio da descoberta de uma civilização extraterrestre há 60 anos.
No começo da década de 1960, astrônomos soviéticos convocaram a imprensa em Moscou para anunciar o que seria a descoberta do século: a descoberta de uma fonte emissora e poderosa de rádio em um objeto distante, chamado CTA-102, e cujo sinal variava regularmente, como se fosse uma radiobússola. Até então, nenhuma fonte periódica havia sido observada no espaço. Queriam os russos ter descoberto uma poderosa civilização extraterrestre, mas verificou-se que eles descobriram o “quasar” e só.
Em 1967, cientistas ingleses descobriram uma fonte intensa de rádio que ligava e desligava com enorme precisão. Mais precavidos que os colegas russos, procuraram uma explicação menos fantástica, e viram que descobriram o “pulsar”.
Hoje em dia, muitos acreditam, como o chefe do SETI, Seth Shostak, que se vai encontrar vida no espaço ainda neste século. Para quem se dedica a procurar vida inteligente fora da Terra, nada surpreendente. Mas há quem queira também enviar mensagens para os possíveis alienígenas, o que não é recomendável segundo alguns estudiosos, citando o exemplo dos espanhóis na América em contato com maias, astecas e incas.
Além da estrela HD 164595, outra estrela, chamada KIC 8462852, que já escrevi a respeito em dezembro do ano passado, continua sendo alvo de observações constantes em busca de eventuais sinais de uma megaestrutura alienígena. Enfim, é uma área que atrai muita gente otimista, para não dizer maluca.
Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.