Erguido no Porto Maravilha, o Museu do Amanhã – projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava sobre a Baía de Guanabara – foi inaugurado pela Prefeitura do Rio nesta quinta-feira (17 de dezembro). A abertura para o público será no próximo sábado (19 de dezembro), com 36 horas de festa na nova Praça Mauá e entrada gratuita. Âncora cultural do projeto de revitalização da Região Portuária, o museu é o símbolo mais eloquente do renascimento de uma área de cinco milhões de metros quadrados, parte da história do Rio e que enfrentava décadas de atraso e abandono. A maior parceria público-privada (PPP) do país, empreendida e conduzida pelo município desde 2009, está renovando e ampliando a infraestrutura dessa parte do Centro, devolvendo qualidade de vida aos seus moradores e apostando num futuro com mais habitantes e pujança social, cultural, comercial e econômica.
O Museu do Amanhã conjuga o rigor da ciência e a linguagem expressiva da arte, tendo a tecnologia como suporte, em ambientes imersivos, instalações audiovisuais e jogos, criados a partir de estudos científicos desenvolvidos por especialistas e dados divulgados por instituições do mundo inteiro. Traz à cidade, pela primeira vez, o conceito de museu experiencial, no qual o conteúdo é apresentado de forma sensorial, interativa e conduzido por uma narrativa. O espaço examina o passado, apresenta tendências do presente e explora cenários possíveis para os próximos 50 anos a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência.
O edifício de formas orgânicas, inspiradas nas bromélias do Jardim Botânico, ocupa 15 mil metros quadrados e é cercado por espelhos d’água, jardim, ciclovia e espaço para lazer, numa área total de 34,6 mil metros quadrados. O museu tem ainda auditório com 400 lugares, loja, cafeteria e restaurante. A área dedicada às exposições temporárias será aberta com a instalação audiovisual “Perimetral”, assinada por Vik Muniz, Andrucha Waddington e pelo escritório de design SuperUber, de Liana Brazil e Russ Rive, na qual imagens da implosão do Elevado da Perimetral se combinam a uma cenografia imersiva em uma experiência de grande impacto visual. A exposição seguinte será “Santos Dumont – o grande visionário brasileiro”, que abre no primeiro semestre de 2016.
No próximo fim de semana (19 e 20 de dezembro), a Praça Mauá será palco do Viradão do Amanhã, uma festa com programação extensa e variada onde o novo museu será a grande estrela: das 10h de sábado às 18h de domingo, suas portas estarão abertas para o público, com entrada gratuita. O MAR também estará de portas abertas ao público gratuitamente durante o viradão. Após o fim de semana inaugural, os moradores do município terão direito à meia-entrada no Museu do Amanhã, e às terças-feiras a entrada será gratuita para todos os visitantes.
VIRADÃO DO AMANHÃ
Ao longo de 36 horas, a Prefeitura do Rio vai levar mais de 20 atrações
culturais à Praça Mauá, com o Viradão do Amanhã. As duas principais atrações
são o espetáculo Bossa Negra, que vai reunir o bandolinista Hamilton de Holanda
e o cantor Diogo Nogueira, no sábado (19/12) às 20h, e a Orquestra Sinfônica
Brasileira, que encerra o evento no domingo (20/12) às 20h, com sua formação
completa e regência de Roberto Minczuk. As crianças também terão um espaço só
para elas com programação específica.
SÁBADO (19)
Espaço Infanto Juvenil
10h- Roda de Cacuriá As Três
Marias 11h- Tapetes Contadores de Histórias
12h- Oficina de Hortas Verticais com Anderson Barreto
13h- Cia. do Solo
14h- Oficina Máscaras do Amanhã com coletivo Nenhuma a Menos
15h- Número circense com Paulo Hartung e Ricardo Gadelha
16h- Mosaicos Contadores de História
Praça Mauá
13h- Adilson da Vila
14h- Tá Na Rua
16h- Cia de Mystérios
Palco Principal
20h- Bossa Negra
22h- Festa Disritmia
2h- Baile Black Bom
DOMINGO (20)
Espaço Infanto Juvenil
10h- Rio de Janeiro a Dezembro –
espetáculo teatral folclórico
11h- 100 Palavras Espetáculo de Mímica
com Josué Soares12h- Passarinhando Brinquedos Cantados com Marcia Vieira e Michel Nascimento
13h- Stand Up Conto com o Grupo Casa de Curió
14h- Patrick O Mágico com Show de Mágicas e Ilusionismo
15h- Encantos: Histórias e Canções com Silvia Castro
16h- Show de Circo com Tchesco Vilarres
16h- Alegria Músicas Infanto-Juvenis com Hamilton Catette
Praça Mauá
13h- Adilson da Vila
14h- Tá na Rua16h- Fanfarra Black
Palco Principal
20h- Orquestra Sinfônica Brasileira
(OSB)
SERVIÇO DO MUSEU DO AMANHÃ
Endereço: Praça Mauá, 1.
Funcionamento: Terça-feira a domingo, das 10h às
18h.Ingressos: R$ 10 (meia-entrada, R$ 5). Meia-entrada para pessoas com até 21 anos, estudantes de escolas particulares (Ensino Fundamental e Médio), estudantes universitários, pessoas com deficiência, servidores públicos da cidade do Rio de Janeiro. Às terças-feiras, o Museu tem entrada gratuita. Os moradores da cidade do Rio terão direito à meia-entrada mediante apresentação de documento de identidade e do comprovante de residência.
Gratuidade: Alunos da rede pública de Ensino
Fundamental e Médio; crianças com até 5 anos de idade; pessoas com idade a
partir de 60 anos; professores da rede pública de ensino; funcionários de
museus; grupos em situação de vulnerabilidade social em visita educativa; guias
de turismo; vizinhos do Museu do Amanhã (cadastrados); funcionários das
instituições parceiras (mediante crachá funcional) e membros do Conselho
Internacional de Museus (ICOM).
O conteúdo do Museu do Amanhã foi elaborado com a participação de um time de
mais de 30 consultores brasileiros e internacionais, nomes reconhecidos em
diversas áreas, e será continuamente atualizado a partir de dados e análises
científicas de instituições do mundo todo. As experiências foram desenvolvidas
por um extenso grupo de artistas e criadores – entre eles as produtoras O2 e
Conspiração, o jornalista Marcelo Tas e o artista plástico americano Daniel
Wurtzel –, reunidos, assim como os cientistas, a convite da Fundação Roberto
Marinho. O museu também tem parceria com algumas das principais instituições da
ciência no Brasil e no exterior, como o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura (Unesco) e o Massachusetts Institute of Technology (MIT).
O Museu do Amanhã explora seis grandes tendências para as próximas cinco décadas: mudanças climáticas; alteração da biodiversidade; crescimento da população e da longevidade; maior integração e diferenciação de culturas; avanço da tecnologia e expansão do conhecimento. A exposição principal, com concepção museográfica do designer Ralph Appelbaum e direção de criação de Andres Clerici, divide-se em cinco áreas, a partir das cinco perguntas que guiam o museu (De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir?): Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós.
Em cada uma das áreas, o público terá acesso a um panorama geral sobre os temas e poderá aprofundá-lo em seguida. A visita começa pelo Cosmos, experiência imersiva em um domo de 360°, grande ovo negro em que o público faz uma viagem sensorial pelo universo, desde as galáxias mais distantes até as partículas microscópicas. Na Terra, três cubos de sete metros de largura por sete metros de altura representam as três dimensões da existência: Matéria, Vida e Pensamento. Aqui, o público conhece mais sobre o funcionamento do planeta, a biodiversidade, as relações entre as espécies e o desenvolvimento da cultura e do pensamento humanos.
A parte central do percurso narrativo se dedica a pensar o hoje, suas características e seus sintomas. Totens com mais de 10 metros de altura formam o Antropoceno – a era geológica em que vivemos hoje, o momento em que o homem se tornou uma força planetária com impacto capaz de alterar o clima, degradar biomas e interferir em ecossistemas – com conteúdo audiovisual sobre o impacto das ações do homem no planeta e a aceleração de suas atividades. Estudos apontam que a humanidade terá 10 bilhões de pessoas em 2060 e que os próximos 50 anos vão concentrar mais mudanças que os últimos 10 mil anos.
Os Amanhãs se desdobram numa área em forma de origami, com três ambientes que aprofundam as seis tendências principais. O público pode calcular sua pegada ecológica; participar de um jogo colaborativo em que é preciso administrar os recursos do planeta para mantê-lo sustentável; e descobrir, de forma bem-humorada, qual seria seu perfil diante dos avanços tecnológicos e dos desafios que o futuro apresenta.
A área Nós fecha a visitação de forma simbólica, com uma experiência de luz e som em uma escultura em madeira que remete a uma oca. Seu elemento central, um churinga (espécie de amuleto) da cultura aborígene australiana, é a única peça física que compõe a narrativa principal e representa a transmissão de conhecimento através das gerações. Depois desse momento de reflexão, um belvedere se abre sobre a Baía e o público volta ao “hoje” renovado.
A experiência expositiva do museu se integra ainda ao Laboratório de Atividades do Amanhã, espaço de inovação e experimentação que promove ações ligadas à tecnologia, ciência e arte (a primeira exposição será do coletivo dinamarquês Superflex); e ao Observatório do Amanhã, que vai exibir, catalogar e repercutir dados e análises das últimas pesquisas científicas e tecnológicas sobre temas relacionados ao museu. É do Observatório também a função de atualizar a exposição principal por meio do sistema Cérebro, que recebe informações e as distribui pelo conteúdo exposto. O sistema mapeia a relação do museu com os usuários, registrando o percurso dos visitantes e o modo como acessam o conteúdo.
ARQUITETURA E SUSTENTABILIDADE
Outro destaque é a cobertura móvel do edifício, em que grandes estruturas de aço servem de base para as placas de captação de energia solar. Ao longo do dia, elas se movimentam como asas para acompanhar o posicionamento do sol. O prédio tem aletas que carregam 5.492 placas de painéis fotovoltaicos para captação de energia solar. As placas, divididas em 24 módulos fixados na cobertura, acompanham o percurso solar (L-O) e produzem 250 KWh/ano, que equivalem à capacidade de fornecer energia para 4 milhões de lâmpadas incandescentes de 60w por uma hora. Além desse recurso, 2.532 luminárias LED garantem a eficiência. O projeto também valoriza a entrada de luz natural. O paisagismo, assinado pelo escritório Burle Marx, traz espécies nativas e de restinga, ressaltando a vegetação típica da região costeira da cidade, com cerca de 6 mil m² de área de jardins.
Em sua forma longitudinal – “flutuando” sobre o píer, nas palavras de Santiago Calatrava –, o edifício foi projetado de forma a deixar visível e valorizar o conjunto histórico do qual faz parte, que inclui o barroco Mosteiro de São Bento; o edifício A Noite, primeiro arranha-céu da América Latina e sede da Rádio Nacional; e o MAR. A importância histórica da região se completa com marcos como a Pedra do Sal e o Cais do Valongo, porto que recebeu o maior número de africanos escravizados no mundo; o bairro da Gamboa e a histórica Fortaleza da Conceição.
O prédio que delicadamente se debruça sobre espelho d’água de 9.200 m² reúne 55 mil toneladas de concreto estrutural, 4.300 toneladas de estruturas metálicas para a cobertura, e 76 mil litros de tinta. O museu conta ainda com 908 vidros, totalizando cerca de 3.800m². No pico da obra, a Concessionária Porto Novo, contratada pela Prefeitura do Rio para executar as obras e prestar serviços públicos do Porto Maravilha, mobilizou 1.200 homens para a construção, em regime de 24 horas, feitos em três turnos.
A construção do prédio foi viabilizada por meio dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) com investimentos de R$ 215 milhões, sem recursos diretos do tesouro municipal. No conteúdo, expografia e museologia foram investidos cerca de R$ 93 milhões. A ordem de início da obra foi dada em novembro de 2011. Em quatro anos, a cidade ganhou um prédio de arquitetura arrojada, 338 metros de comprimento (de um balanço a outro) e 20 metros de altura. O jardim e passeio abertos aos visitantes são uma extensão da Orla Prefeito Luiz Paulo Conde, que terá 3,5km do Armazém 8 à Praça da Misericórdia, ao lado da Praça XV, com previsão de conclusão no primeiro semestre de 2016.
EDUCATIVO
Assim como o
MAR, que inovou com a proposta museológica de já nascer com uma escola (a
Escola do Olhar), o Museu do Amanhã manterá relações estreitas com o contexto
social, cultural e ambiental que o cerca e vai cumprir o compromisso ético de
servir à educação. O programa de educação adota equipe interdisciplinar para
visitas mediadas e escolares e propõe eixos temáticos para o debate com os
alunos, trazendo as questões abordadas no museu, sua arquitetura, a Baía de
Guanabara e a região histórica do entorno. O museu também promoverá atividades
concebidas para incluir e conectar pessoas de diferentes faixas etárias,
formações, regiões geográficas e contextos socioeconômicos.
ACESSIBILIDADE
O museu oferece acessibilidade física e de conteúdo, contando com piso podotátil, audioguias, videoguias, visitas em libras e maquetes táteis que possibilitam novas formas de interação.
ATIVIDADES
Visitas
mediadas para públicos não agendados -
a partir do primeiro fim de semana de 2016, mediante retirada de ingresso na
bilheteria (podem ser gratuitas ou incluídas no valor da entrada para o museu):
“Trilhar os Amanhãs” (conceituação e os cinco temas centrais da Exposição
Principal, aos sábados e domingos, às 10h e às 14h); “É uma nave? É um pássaro?
É um avião?” (explora os aspectos arquitetônicos do prédio do museu, aos
sábados, às 11h e às 15h); e “Mauá 360” (olhar 360º sobre a história da cidade
do Rio de Janeiro a partir da arquitetura das construções no entorno da Praça
Mauá, aos sábados e domingos, às17h)
Visitas
escolares - cada
grupo é apresentado a um tema que deverá ser explorado ao longo da exposição
principal, do prédio ou do entorno do museu. As temáticas abordadas são
definidas pelo professor ou representante do grupo em conjunto com os
educadores responsáveis pela visita, em contato prévio. Essas visitas são
sempre de terça a sexta-feira das 9h às 16h30 e aos sábados e domingos das
10h30 às 14h. Duram aproximadamente uma hora e meia e são gratuitas mediante
retirada do bilhete de acesso, com agendamento dos grupos de terça a
sexta-feira, das 10h às 17h45.
Vizinhos
do Amanhã -
Os cerca de 30 mil moradores da Região Portuária, distribuídos pelos bairros da
Saúde, Gamboa e Santo Cristo e pelos morros da Conceição, Pinto, Providência e
Livramento, têm entrada gratuita, por meio do Programa Vizinhos do Amanhã.
A inscrição no programa acontece diretamente no local, no horário de
funcionamento do museu: de terça-feira a domingo, das 10h às 18h.
GRANDES NÚMEROS DA CONSTRUÇÃO
3.800 m² em 908 peças de vidro
4.300 toneladas de estruturas metálicas para a cobertura
76 mil litros de tinta
1.200 funcionários no pico das obras
338 metros de comprimento (de um balanço a outro)
20 metros de altura
34,6 mil metros quadrados área do terreno15 mil m² de área construída
6 mil m² de jardim
30 mil metros de pilares submersos suportam o peso do edifício
5.492 placas voltaicas foram instaladas para captação de energia solar
2.532 luminárias LED
9.200 m² de espelho d’água
Prefeito Eduardo Paes
Coordenação: Teresa Fayal
Coordenação: Teresa Fayal