segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O PAÍS DO FUTEBOL E AS “PEDALADAS” FISCAIS

Claudio Carneiro

 

 
 
 
Brasil, país do futebol e pentacampeão do mundo, - quem diria! - questiona as “pedaladas” fiscais. Apesar do jogador Robinho, um dos principais adeptos de tal jogada no futebol, sempre encantar a torcida com esse drible, essas novas “pedaladas” não caíram nas graças da “torcida” brasileira.
É importante esclarecer que esses subterfúgios intitulados “pedaladas” fiscais em nada se assemelham ao espetáculo do futebol; ao contrário, assumem um contexto pejorativo que vem gerando polêmica nas mídias brasileiras, e até mesmo internacionais.

A partir de 2000, passamos a ter na legislação brasileira a famosa Lei de Responsabilidade Fiscal. Durante muito tempo essa lei foi bastante temida pelos gestores públicos e impunha grande austeridade no orçamento público.

Contudo, ao longo do tempo, parece-nos que os políticos brasileiros descompromissados com o múnus público encontraram uma maneira de “driblar” tal Lei através de um “jeitinho” brasileiro, - a malfadada forma de flexibilizar regras, que tanto desgraça esse país.

A famosa pedalada surgiu no cenário como uma forma de burlar a lei de Responsabilidade Fiscal que foi importada do modelo neozelandês. Esse subterfúgio é utilizado para afastar o artigo 36 da referida lei, permitindo que através de atraso no pagamento das despesas correntes, o dinheiro fique supostamente em caixa e, com isso, faz crer que as metas fiscais foram cumpridas.

Quem não se lembra de prática semelhante e recorrente na década de 80 e 90? Isso fez com que até hoje os estados e municípios sofram com esse endividamento em função do grande financiamento das despesas correntes. Infelizmente essa mazela parece também abraçar o Governo Federal.
- A sociedade brasileira espera esclarecimentos! Quem nos dará?

De forma simples, podemos dizer que tal mecanismo se assemelha à utilização do limite do cheque especial. Se você coloca uma conta em débito automático e o banco paga sem saldo, você fica devendo para o banco. Essa prática reiterada acaba fazendo com que a pessoa use o dinheiro do banco como se fosse seu - o que não é verdade!

Enfim, esperamos muito mais do que honestidade, isto é, transparência na
gestão pública!
O povo brasileiro agradece!

* Claudio Carneiro é Advogado e Escritor. Doutor e Mestre em Direito. Sócio do Carneiro & Oliveira Advogados. Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros e Diretor da Escola Superior de Advocacia da OAB Barra. Professor Universitário.