O Estado de São
Paulo vem fazendo obras rápidas e, ao contrário do desvio do Rio São Francisco,
as obras terminam e ajudam a resolver a seca que abate o estado. Mas o estado
ainda está longe de ter uma solução. E, não se entende, por que não se investe
de verdade na despoluição dos rios Tiete e Pinheiros?
Enquanto no Brasil
poluem-se rios gigantescos enquanto a seca grassa, Israel resolveu atacar o
problema da seca com a mesma inteligência que ataca seus inimigos. A seca por
lá foi tão grave que adotaram um imposto pesado sobre o consumo excessivo de
água para fins domésticos. E os israelenses foram orientados a tomar banhos de
no máximo dois minutos. Lavar carros com mangueiras foi proibido, e só quem era
rico conseguiu manter um gramado, mesmo assim só podia regar à noite.
Sem muitas
fontes de água e localizado em uma área seca, Israel optou por dessalinizar a
água do Mediterrâneo e reciclar águas residuais. Hoje, mais de metade da água
destinada às famílias, à agricultura e à indústria em produzida dessa forma.
Embora mais cara, a água não falta mais. E a demanda por água potável deverá
aumentar do atual 1,2 trilhão de litros para 1,95 trilhão até 2030.
As principais
fontes naturais de água é o mar da Galileia, ao norte, e os aquíferos das
montanhas e da costa. Quatro grandes usinas privadas de dessalinização entraram
em operação ao longo da última década. Uma quinta deve estar pronta dentro de
alguns meses. Juntas, elas produzirão quase 500 bilhões de litros de água
potável por ano, com a meta de chegar a 757 bilhões de litros até 2020.
Essas medidas
fizeram de Israel líder mundial na reciclagem de águas residuais para a
agricultura. O país trata 86% do seu esgoto doméstico, reciclando-o para uso
agrícola, o que representa pouco mais da metade da água utilizada na
agricultura. A Espanha, segunda colocada nesse ranking, recicla apenas 17% de
seus efluentes.
Uma medida
interessante que tomaram foi o oferecimento gratuito da instalação em chuveiros
e torneiras de dispositivos que injetam ar no fluxo de água, reduzindo o
consumo em cerca de um terço e ainda dando a sensação de um fluxo mais forte.
Um exemplo para os brasileiros. Junto com as outras medidas de economia, o
consumo familiar teve uma redução de um quinto. E o dinheiro arrecadado com a
cobrança da água é reinvestido na infraestrutura.
O avanço
tecnológico tornou a dessalinização viável, pois ela consumia muita energia.
Levaram para Israel o cientista americano que inventou o método de osmose
reversa. Apesar disso, há quem critique a dessalinização, uns dizem ser a
privatização do abastecimento da água em Israel que beneficia alguns magnatas,
os ambientalistas querem recuperar as reservas hídricas naturais que foram
poluídas pelas indústrias militares, e ainda dizem que o método de colher a
água em alto-mar destroi a vida marinha, ao sugar ovas e girinos.
Com esse
exemplo de vitória sobre a seca e o governador de São Paulo fala em trazer água
de muito longe, dessalinizar água do mar, água de reuso, mas gostaria de ouvir
despoluição, será que sai?
Mario Eugenio
Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.