No mês de
setembro, a Igreja celebra o mês da Bíblia, sendo o último domingo do mês o Dia
Nacional da Bíblia. E ainda celebramos no dia 30 de setembro a festa de São
Jerônimo, tradutor da Bíblia, que traduziu a Palavra de Deus do hebraico e
grego para o latim, língua do povo cristão da época.
São Jerônimo
nasceu na Dalmácia em 340, e ficou conhecido como escritor, filósofo, teólogo,
historiador, exegeta e doutor da Igreja, entre outros títulos. E ainda deixou
um pensamento: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”.
Sua conversão é
interessante, ao receber a herança dos seus pais, visitou as Catacumbas em
Roma. Sonhou que se apresentava como cristão e era repreendido pelo próprio
Cristo por não aceitar as Sagradas Escrituras, mas somente escritos pagãos.
Depois, foi batizado e iniciou os estudos teológicos. Foi ordenado sacerdote em
379 e tornou-se um grande especialista em grego e hebraico. A pedido do Papa
Dâmaso, fez a tradução que ficou conhecida como Vulgata.
Hoje em dia, vemos muita gente que nem sabe falar Português colocando- se como pastor de Deus, levando muitos ao erro. Dizem esses que é o Espírito Santo que os guia, mas quando confrontamos com o que diz a Bíblia, concluímos que ou Deus não fala coisa com coisa ou o Espírito não ilumina estes arrogantes.
Ora, Deus não é
confuso, nem produz divisão. Deus é amor, união, perdão. O grande problema é
que a Bíblia é uma coleção de livros, que foram escritos em épocas diferentes e
em línguas diferentes. E o Velho Testamento tem uma versão em grego, produzida
em Alexandria, por volta do ano 300 A.C., a mando de Ptolomeu II. É conhecida
como a Bíblia dos Setenta ou Septuaginta. Acontece que vários originais em
hebraico foram perdidos, como parte de Daniel (capítulos 13 e 14), restando
apenas a tradução grega. Sem o original hebraico, algumas religiões e seitas
não aceitam o texto grego.
Antes de
Gutemberg, a Bíblia era copiada à mão. Cópia da cópia, consequentemente, erros
foram introduzidos, o que acabou produzindo uma infinidade de versões da
Bíblia. E, Há um agravante, a língua hebraica da Bíblia não tinha vogais,
somente consoantes. Só a partir do século VII d.C. acrescentou-se vogais ao
Antigo Testamento.
Já tive
oportunidade de tratar em artigos anteriores, mas não custa lembrar, traduzir
não é simplesmente consultar um dicionário e substituir palavras. A
equivalência não é simples e raramente traduz a idéia completamente.
E mais,
acreditou-se que o Pentateuco era obra de Moisés, porém, análises literárias
feitas nos últimos cem anos concluíram que o Pentateuco é o resultado de quatro
documentos diferentes, mas escrito muito tempo depois de Moisés. A mais antiga
é a narrativa chamada Javista, já que usa o nome Iahweh, como revelado a
Moisés; teria sido escrita por volta do século IX A.C. Depois, surgiu a
narrativa Eloísta, pois usa o nome mais comum de Deus, Elohim. As duas
narrativas foram juntadas e, depois, o Deuteronômio foi acrescentado. Surgiu,
por último, o código Sacerdotal.
Enfim, é
preciso muito estudo para alguém querer colocar-se como rabi (mestre) para
ensinar a Palavra ao povo de Deus, ou será um guias cego conduzindo outros e
tombarão ambos na mesma vala.
Mario Eugenio
Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.