O Papa inicia sua Encíclica “Laudato si” (Louvado Seja) explicando
o título, uma referência ao que cantava São Francisco de Assis: Louvado sejas,
meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e produz
variados frutos com flores coloridas e verduras.
E esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos.
Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a
saqueá-la. A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado,
vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos
seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se
a nossa terra oprimida e devastada, que “geme e sofre as dores do parto” (Rm 8,
22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7).
Em 1979, o Beato Papa Paulo VI referiu-se à problemática
ecológica, apresentando-a como uma crise que é consequência dramática da
atividade descontrolada do ser humano: por motivo de uma exploração
inconsiderada da natureza, o ser humano começa a correr o risco de a destruir e
de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação. E, dirigindo-se à FAO, falou
da possibilidade duma catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da
civilização industrial, sublinhando a necessidade urgente duma mudança radical
no comportamento da humanidade, porque os progressos científicos mais
extraordinários, as invenções técnicas mais assombrosas, o desenvolvimento
econômico mais prodigioso, se não estiverem unidos a um progresso social e
moral, voltam-se necessariamente contra o homem.
São João Paulo II,
na sua primeira encíclica, advertiu que o ser humano parece “não se dar conta
de outros significados do seu ambiente natural, para além daqueles que servem
somente para os fins de um uso ou consumo imediatos. Mais tarde, convidou a uma
conversão ecológica global. E Bento XVI, renovou o convite a “eliminar as
causas estruturais das disfunções da economia mundial e corrigir os modelos de
crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito do meio ambiente.
E nessa introdução, lembra que noutras Igrejas,
Comunidades cristãs, e religiões tem-se desenvolvido uma profunda preocupação e
uma reflexão valiosa. Como exemplo particularmente significativo, cita o
Patriarca Bartolomeu, com quem partilha a esperança da plena comunhão eclesial.
O Patriarca Bartolomeu afirma a necessidade de cada um
arrepender-se do próprio modo de maltratar o planeta, porque “todos, na medida
em que causamos pequenos danos ecológicos e somos chamados a reconhecer a nossa
contribuição – pequena ou grande – para a desfiguração e destruição do
ambiente. Um convite para ortodoxos, protestantes, evangélicos, muçulmanos,
hindus, etc., mas especialmente aos católicos.
Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é
Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e
congregado mariano.

