Há uns meses eu estava
conversando com minha tia:
· Na próxima semana, tenho de visitar um grupo de terceira idade.
· Ah, que interessante. O que a senhora faz lá?, perguntei-lhe.
· Eu levo comida e outras coisas que necessitam. Vamos em grupo para diverti-los um pouco.
· E eles são de terceira idade?
· Claro que sim.
· E a senhora não se considera uma pessoa de terceira idade
Ela começou a rir. Minha
tia já tem 89 anos. Ela cozinha para seus filhos, netos e bisnetos, quando a
visitam; é muito ativa em uma organização que promove encontros e festas. No
final do ano passado, escreveu e dirigiu uma peça de teatro. Também pinta belos
quadros. Muitas vezes sai de ônibus na enorme capital de São Paulo. Várias ocasiões
viajou sozinha de avião para visitar sua filha, na Flórida, e quer fazer o
mesmo este ano.
O conceito de velhice
é muito relativo. Quando eu tinha 30 anos, uma das minhas sobrinhas tinha 15, e
um dia ela me disse: “Tia, você é velha!”. Eu só ri. Hoje ela vive no Chile com
seu esposo e dois filhos. Escrevi para ela e lhe perguntei se ela se acha
“velha”, agora que tem um pouco mais de 30 anos. Ela me respondeu: “Só me sinto
mais madura, mas não ‘velha’. Sou mais compreensiva, soluciono problemas mais
facilmente, aceito-me como sou muito melhor do que antes”.
“Homem”, neste caso, é
o termo genérico para homens e mulheres, adultos e crianças. Para mim, a
afirmação de Eddy é lógica e coerente. Além disso, explica não só o caso da minha
tia e sobrinha, mas também o de uma atleta alemã. Johanna Quaas entrou no livro Guinness World Records como a ginasta mais velha do mundo. Seus
movimentos nas barras paralelas e no solo demonstram domínio, equilíbrio, força
e um grande amor pelo que faz. Ao contrário do que se acredita sobre as pessoas
de mais idade, seu exemplo mostra claramente que a alegria, a lucidez e as atividades
físicas não dependem da idade. Em 2014, Quaas completou 88 anos.
Para viver bem, sentir-se
feliz e saudável em qualquer época, é preciso aceitar que a experiência de vida
é mental. Mari Milone, do Uruguai, confirma. Em determinado momento começou
a sentir dores nas costas, e lhe veio ao pensamento: “Ah, é a idade”. Mas, logo
percebeu que isso não era o que havia aprendido sobre Deus e sobre si mesma. Ela
aceitou que o homem espiritual da criação divina não precisa experimentar
decadência nem deterioração. Essas ideias lhe deram tranquilidade. Ao refletir sobre
isso, voltou a caminhar normalmente e se curou.
Se cada vez mais pessoas
se considerarem “nem jovens nem velhas”, deixarem de dar ênfase à idade e começarem
a desfrutar cada momento como uma oportunidade para expressar mais sabedoria e
felicidade, as sociedades sofrerão uma transformação radical, pois veremos muitos
outros exemplos de superação de limites de idade em todo o mundo.
