quarta-feira, 20 de maio de 2015

Você se considera jovem ou velho?

Leide Lessa

Há uns meses eu estava conversando com minha tia:

·         Na próxima semana, tenho de visitar um grupo de terceira idade.
·         Ah, que interessante. O que a senhora faz lá?, perguntei-lhe.
·         Eu levo comida e outras coisas que necessitam.  Vamos em grupo para diverti-los um pouco.
·         E eles são de terceira idade?
·         Claro que sim.
·         E a senhora não se considera uma pessoa de terceira idade


Ela começou a rir. Minha tia já tem 89 anos. Ela cozinha para seus filhos, netos e bisnetos, quando a visitam; é muito ativa em uma organização que promove encontros e festas. No final do ano passado, escreveu e dirigiu uma peça de teatro. Também pinta belos quadros. Muitas vezes sai de ônibus na enorme capital de São Paulo. Várias ocasiões viajou sozinha de avião para visitar sua filha, na Flórida, e quer fazer o mesmo este ano.

 Minha tia não se sente “velha”; nem se considera uma pessoa “da terceira idade”. Está decidida a continuar com a sua vida ativa, feliz e saudável, ajudando a quem puder.

O conceito de velhice é muito relativo. Quando eu tinha 30 anos, uma das minhas sobrinhas tinha 15, e um dia ela me disse: “Tia, você é velha!”. Eu só ri. Hoje ela vive no Chile com seu esposo e dois filhos. Escrevi para ela e lhe perguntei se ela se acha “velha”, agora que tem um pouco mais de 30 anos. Ela me respondeu: “Só me sinto mais madura, mas não ‘velha’. Sou mais compreensiva, soluciono problemas mais facilmente, aceito-me como sou muito melhor do que antes”.


 Isso acontece com muitas pessoas. Todos nossos conceitos podem mudar, e mudar para melhor. Por isso, o conceito de idade e de velhice não necessita estar fundamentado no que a maioria pensa. Eu prefiro pensar da maneira como explica a teóloga cristã Mary Baker Eddy, que descreve o cristianismo como uma ciência para ser compreendida e aplicada na vida diária: “O homem, na Ciência, não é nem jovem  nem velho” … “Nunca leves em consideração a idade. … O homem, governado pela Mente imortal, é sempre belo e sublime. Cada ano que passa desdobra sabedoria, beleza e santidade”.

“Homem”, neste caso, é o termo genérico para homens e mulheres, adultos e crianças. Para mim, a afirmação de Eddy é lógica e coerente. Além disso, explica não só o caso da minha tia e sobrinha, mas também o de uma atleta alemã. Johanna Quaas entrou no livro Guinness World Records como a ginasta mais velha do mundo. Seus movimentos nas barras paralelas e no solo demonstram domínio, equilíbrio, força e um grande amor pelo que faz. Ao contrário do que se acredita sobre as pessoas de mais idade, seu exemplo mostra claramente que a alegria, a lucidez e as atividades físicas não dependem da idade. Em 2014, Quaas completou 88 anos.

Para viver bem, sentir-se feliz e saudável em qualquer época, é preciso aceitar que a experiência de vida é mental. Mari Milone, do Uruguai, confirma. Em determinado momento começou a sentir dores nas costas, e lhe veio ao pensamento: “Ah, é a idade”. Mas, logo percebeu que isso não era o que havia aprendido sobre Deus e sobre si mesma. Ela aceitou que o homem espiritual da criação divina não precisa experimentar decadência nem deterioração. Essas ideias lhe deram tranquilidade. Ao refletir sobre isso, voltou a caminhar normalmente e se curou.

Se cada vez mais pessoas se considerarem “nem jovens nem velhas”, deixarem de dar ênfase à idade e começarem a desfrutar cada momento como uma oportunidade para expressar mais sabedoria e felicidade, as sociedades sofrerão uma transformação radical, pois veremos muitos outros exemplos de superação de limites de idade em todo o mundo.

 
Leide Lessa é Professora de Ciência Cristã e escreve sobre a relação entre consciência e saúde. Email:brasil@compub.org