A emenda à MP é aprovada um dia depois de seis senadores terem retirado suas respectivas assinaturas do requerimento de instalação de uma CPI do BNDES. O pedido contava com 28 signatários — são necessários pelo menos 27. Os seis parlamentares pertencem à base do governo: Fernando Ribeiro (PMDB-PA), suplente que, desde o início do ano e até anteontem ocupava a vaga do titular Jader Barbalho, Rose de Freitas (PMDB-ES), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM). Zezé Perrella (PDT-MG) e Ivo Cassol (PP-RO).
A
emenda será agora apreciada pelo Senado. Se aprovada, Dilma ainda pode vetá-la.
Mas, como se sabe, um veto pode ser derrubado. Vamos ver. Os empréstimos do
BNDES, especialmente para ditaduras como Cuba, Venezuela e Angola, são uma
verdadeira caixa preta. Em nome do tal sigilo, o banco se comporta como uma
autocracia. Instala-se o pânico sempre que surge a possibilidade de que se
venham a conhecer os termos dessas operações, tanto a clientes brasileiros como
a estrangeiros. Há coisa de um mês, Luciano Coutinho, presidente do banco,
tentava convencer senadores a não assinar o requerimento da CPI.
A
emenda aprovada prevê que “não poderá ser alegado sigilo ou definidas como
secretas as operações de apoio financeiro do BNDES, ou de suas subsidiárias,
qualquer que seja o beneficiário, direta ou indiretamente, incluindo nações
estrangeiras”. O PT e o governo tentaram derrubá-la a todo custo, mas não foram
bem-sucedidos. A derrota acachapante se deu na estreia de Temer como
coordenador. E, como se nota, o PMDB não o acompanhou.Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, já havia dito que a indicação de Temer não mudaria a relação do partido com o governo na Casa. Alguns líderes da legenda acham que a presidente Dilma tenta constrange-la a votar com o governo, sob pena de Temer, umas das estrelas da agremiação, se desmoralizar.
A
aprovação dessa emenda na Câmara pode ser um sinal de que o partido não se
sente obrigado a seguir a orientação oficial.