A partir do dia 29 de março estará aberta ao público a obra “Malha Atlântica” do artista Ricardo Ventura. O projeto inaugura a programação 2015 de instalações temporárias de arte do Museu de Açude, que associa arte contemporânea ao meio ambiente
Sobre o trabalho o curador e crítico de
arte Marcelo Campos escreveu:
“Clareiras nas
matas são imagens recorrentes na arte brasileira. Muitas vezes, observar um
espaço, um intervalo, um vazio em meio à vastidão das selvas foi motivo para
percebermos que dali brotava uma fonte d’água ou que se abriam picadas por
populações nativas, configurando rituais em torno do fogo. Ricardo Ventura
propõe a ocupação de uma clareira. Em meio à mata da Floresta da Tijuca, o
artista apropria-se de um intervalo no denso bosque do Museu do Açude. Assim,
como em tantas outras mimetizações da natureza, Ventura instala, em formato de
ânfora, continentes de vidro transparente, que se tornam quase imperceptíveis.
Em um montículo de terra, Ventura coloca outras ânforas em madeira, criando
intensa vinculação aos pedaços de troncos que se espalham pela mata. Os objetos
em madeira desbastada criam sensações quase arqueológicas, como se advindos de
descobertas, de escavações. Toda a malha do trabalho depende da luz para criar
reflexos que iluminam e destacam cada elemento. Umas estão próximas ao cume das
árvores, outras roçam os caules mais baixos. Em intervalos irregulares, os
vasilhames criam uma espécie de malha, cuja ordenação se dá pela observação do
artista sobre o modo como os troncos se aproximam e se distanciam. Com isso, a
mata determina a geometria. E como as regras da natureza, não haverá
regularidade no desenho. (...) A cultura que inventou as ânforas para facilitar
o transporte de líquidos, óleos essenciais. A cultura que faz um artista
resolver vencer os limites impostos por regras, as demarcações entre mata e
construção, floresta e jardim, convidando-nos a entrar, acessar, sem quase
agir. Ricardo Ventura traça, aqui, um plano simples: não construir. Ao
contrário, com um empenho muito mais afetivo, procura conviver, compartir. Suas
esculturas ladeiam, encostam, sustentam-se nos firmes troncos enraizados. E
isto já basta, para que possamos estar na mata, simplesmente estar. Ali, o
espectador pode caminhar, pontuando, nos intervalos das ânforas dependuradas, o
caminho possível, respeitando áreas seguras, observando bases planas, onde
caibam, minimamente, nossos pés, garantindo-nos a mesma segurança que temos no
mundo: passageira, fugidia, instável”.
A instalação “Malha Atlântica” poderá
ser vista até agosto de 2015 e se junta ao circuito de esculturas permanentes
do Açude do qual fazem parte obras de Iole de Freitas, Anna Maria Maiolino,
Helio Oiticica, Lygia Pape, Nuno Ramos, José Rezende, Piotr Uklanski e Eduardo
Coimbra. Uma iniciativa inédita que une arte contemporânea e meio ambiente
tornando a Floresta da Tijuca um sitio para experimentações artísticas.
Malha Atlântica - Ricardo Ventura
Abertura: dia 29 de março - das 12h às 16h
29 de março a 11 de agosto de 2015
Museu do Açude Estrada do Açude, 764 Alto da Boa Vista ((021) 3433-4990 www.museuscastromaya.com.br De quarta à segunda de 11 às 17h. (fechado às terças-feiras) Ingresso: R$ 2,00 entrada gratuita às quintas-feiras
Assessoria de Imprensa
Raquel Silva
( 21 2274-7924 | 21 99965-3433
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Sobre
o Museu do Açude:
Localizado
numa área de 151.132m² na Floresta da Tijuca, o Museu do Açude tem como
proposta relacionar o patrimônio cultural ao natural. Sua programação procura
articular cultura e natureza, trabalhando com a idéia de patrimônio integral,
considerando igualmente tanto o seu acervo cultural quanto o natural.No conjunto de edifícios e jardins formais de inspiração portuguesa que compõem o Museu do Açude encontra-se a coleção de azulejaria - painéis franceses, holandeses, espanhóis e, sobretudo, portugueses dos séculos XVII ao XIX - e louça do Porto, tipo de faiança ornamental, fabricada a partir do século XIX em Portugal. A coleção de arte oriental possui exemplares raros de escultura chinesa, indiana e indochinesa, bem como de porcelanas de procedências diversas. As artes aplicadas estão igualmente representadas por expressivo conjunto de mobiliário luso-brasileiro, prataria de origem brasileira, portuguesa, inglesa e francesa e por cristais franceses.
A partir de 1999 foi criado o Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude, projeto cultural com características inéditas no Brasil, cujo perfil acompanha uma tendência internacional de transformar grandes espaços públicos em museus a céu aberto - um circuito expositivo ao ar livre, cuja idéia é relacionar o vigor da produção contemporânea da arte brasileira à paisagem natural do entorno do Museu do Açude. Integram este circuito as obras de Iole de Freitas, Anna Maria Maiolino, Helio Oiticica, Lygia Pape, Nuno Ramos, José Rezende, Piotr Uklanski e Eduardo Coimbra.