sexta-feira, 27 de março de 2015

Malha Atlântica - Instalação de Ricardo Ventura ocupa Museu do Açude

A partir do dia 29 de março estará aberta ao público a obra “Malha Atlântica” do artista Ricardo Ventura. O projeto inaugura a programação 2015 de instalações temporárias de arte do Museu de Açude, que associa arte contemporânea ao meio ambiente
 
 
 


 

Ventura pendurou 60 ânforas em arvores localizadas em uma clareira natural. Suspensas por fios de aço, os objetos produzem uma espécie de jogo mágico com os raios de luz do sol, vento e o movimento dos galhos, e, em particular com o balanço de seu suporte, os palmitos-juçara (euterpe edulis). Utensílio que nos evoca uma ancestralidade mitológica, as ânforas, dialogam com a atmosfera de fantasia invocada pelos elementos artísticos que integram o conjunto do Museu: jardins ornados com imagens de deuses gregos, azulejaria barroca e neoclássica, chafarizes, fontes, lagos e canteiros.

Sobre o trabalho o curador e crítico de arte Marcelo Campos escreveu:

“Clareiras nas matas são imagens recorrentes na arte brasileira. Muitas vezes, observar um espaço, um intervalo, um vazio em meio à vastidão das selvas foi motivo para percebermos que dali brotava uma fonte d’água ou que se abriam picadas por populações nativas, configurando rituais em torno do fogo. Ricardo Ventura propõe a ocupação de uma clareira. Em meio à mata da Floresta da Tijuca, o artista apropria-se de um intervalo no denso bosque do Museu do Açude. Assim, como em tantas outras mimetizações da natureza, Ventura instala, em formato de ânfora, continentes de vidro transparente, que se tornam quase imperceptíveis. Em um montículo de terra, Ventura coloca outras ânforas em madeira, criando intensa vinculação aos pedaços de troncos que se espalham pela mata. Os objetos em madeira desbastada criam sensações quase arqueológicas, como se advindos de descobertas, de escavações. Toda a malha do trabalho depende da luz para criar reflexos que iluminam e destacam cada elemento. Umas estão próximas ao cume das árvores, outras roçam os caules mais baixos. Em intervalos irregulares, os vasilhames criam uma espécie de malha, cuja ordenação se dá pela observação do artista sobre o modo como os troncos se aproximam e se distanciam. Com isso, a mata determina a geometria. E como as regras da natureza, não haverá regularidade no desenho. (...) A cultura que inventou as ânforas para facilitar o transporte de líquidos, óleos essenciais. A cultura que faz um artista resolver vencer os limites impostos por regras, as demarcações entre mata e construção, floresta e jardim, convidando-nos a entrar, acessar, sem quase agir. Ricardo Ventura traça, aqui, um plano simples: não construir. Ao contrário, com um empenho muito mais afetivo, procura conviver, compartir. Suas esculturas ladeiam, encostam, sustentam-se nos firmes troncos enraizados. E isto já basta, para que possamos estar na mata, simplesmente estar. Ali, o espectador pode caminhar, pontuando, nos intervalos das ânforas dependuradas, o caminho possível, respeitando áreas seguras, observando bases planas, onde caibam, minimamente, nossos pés, garantindo-nos a mesma segurança que temos no mundo: passageira, fugidia, instável”.

A instalação “Malha Atlântica” poderá ser vista até agosto de 2015 e se junta ao circuito de esculturas permanentes do Açude do qual fazem parte obras de Iole de Freitas, Anna Maria Maiolino, Helio Oiticica, Lygia Pape, Nuno Ramos, José Rezende, Piotr Uklanski e Eduardo Coimbra. Uma iniciativa inédita que une arte contemporânea e meio ambiente tornando a Floresta da Tijuca um sitio para experimentações artísticas.

 
Malha Atlântica - Ricardo Ventura
Abertura: dia 29 de março - das 12h às 16h
29 de março a 11 de agosto de 2015

Museu do Açude
Estrada do Açude, 764 Alto da Boa Vista
((021) 3433-4990
www.museuscastromaya.com.br
De quarta à segunda de 11 às 17h.
(fechado às terças-feiras)
Ingresso: R$ 2,00
entrada gratuita às quintas-feiras
 
Assessoria de Imprensa
Raquel Silva
( 21 2274-7924 | 21 99965-3433
 

Sobre o Museu do Açude:
Localizado numa área de 151.132m² na Floresta da Tijuca, o Museu do Açude tem como proposta relacionar o patrimônio cultural ao natural. Sua programação procura articular cultura e natureza, trabalhando com a idéia de patrimônio integral, considerando igualmente tanto o seu acervo cultural quanto o natural.

No conjunto de edifícios e jardins formais de inspiração portuguesa que compõem o Museu do Açude encontra-se a coleção de azulejaria - painéis franceses, holandeses, espanhóis e, sobretudo, portugueses dos séculos XVII ao XIX - e louça do Porto, tipo de faiança ornamental, fabricada a partir do século XIX em Portugal. A coleção de arte oriental possui exemplares raros de escultura chinesa, indiana e indochinesa, bem como de porcelanas de procedências diversas. As artes aplicadas estão igualmente representadas por expressivo conjunto de mobiliário luso-brasileiro, prataria de origem brasileira, portuguesa, inglesa e francesa e por cristais franceses.

A partir de 1999 foi criado o Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude, projeto cultural com características inéditas no Brasil, cujo perfil acompanha uma tendência internacional de transformar grandes espaços públicos em museus a céu aberto - um circuito expositivo ao ar livre, cuja idéia é relacionar o vigor da produção contemporânea da arte brasileira à paisagem natural do entorno do Museu do Açude. Integram este circuito as obras de Iole de Freitas, Anna Maria Maiolino, Helio Oiticica, Lygia Pape, Nuno Ramos, José Rezende, Piotr Uklanski e Eduardo Coimbra.