quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Duas guerras do Vietnã

Mario Eugenio Saturno

 
O ultimo conflito militar que o Brasil foi envolvido foi a Segunda Guerra Mundial, há setenta anos atrás. Já naquela época, existia um mito que o Brasil era um país pacífico, tanto que o emblema da Força Expedicionária era uma cobra fumando, segundo os soldados era mais fácil uma cobra fumar que o país entrar na guerra. Entrou! E a cobra fumou!

Apesar de termos poucos conflitos externos, o mais marcante foi a Guerra do Paraguai, o Brasil teve muito conflito interno para se estabelecer. Morreu muita gente. Em 1932, muitos paulistas morreram para que tivéssemos uma Constituição. A Ditadura de 64 também fez suas vítimas. Porém, nenhum conflito se compara ao que se morre por assassinatos e no trânsito.

Em 2012, foram assassinadas 56.325 pessoas, resultando em uma taxa de 29 por cem mil habitantes. Porém, a OMS (Organização Mundial da Saúde) que foram assassinadas mais de 64 mil pessoas, estimando aquelas que não são registradas com tal. A OMS coloca o Brasil na 11ª posição da violência entre os 194 países avaliados.

No mundo, a taxa é de 6,7, e a média dos países ricos é de 3,8. O país mais violento é Honduras que tem uma taxa de 103,9 mortes por cem mil habitantes, seguido pela Venezuela (57,6), Jamaica (45,1), Belize (44,7), Colômbia (43,9) e El Salvador (43,9), quase todos países da América Latina.

Se a situação do Brasil é ruim, pior quando se observa por faixa de idade. A juventude brasileira é vítima atroz da violência, de 12 e 18 anos, a taxa é de 332. Isso mostra o fracasso dos governos Dilma e Lula. A região mais violenta é o Nordeste, com taxa de 597 jovens assassinados por cem mil. O Sudeste que é a região menos violenta, tem taxa de 225, número ainda assustador.

Entre as capitais, as cinco mais violentas para os adolescentes são: Fortaleza, Maceió, Salvador, João Pessoa e Belém. São Paulo tem índice de 162 e o Rio, 206.

Porém, nem todos os estados do Brasil estão mal, São Paulo registrou mais uma queda na taxa de homicídios em 2014, ficando em 10,06 por 100 mil habitantes, no limite estabelecido pela ONU. Nos últimos 14 anos, a queda foi de 70%. E na capital, ficou melhor ainda: 9,83.

Outro tipo de violência idiota que ocorre no Brasil são as mortes em acidentes de trânsito. Os dados preliminares do SUS (Sistema Único de Saúde) apontam que foram 40,5 mil vítimas fatais em 2013, no ano anterior foram 44,8 mil. Uma redução após três anos seguidos de aumento. Isso aconteceu graças ao endurecimento da lei, certamente. Mesmo porque pouco se vê em ações governamentais nas três esferas.

Testemunho isso na rodovia Tamoios, estadual paulista. O governo não construiu as 14 passarelas, poupou o dinheiro e fez passagens, estabelecendo velocidade máxima de 60 km/h. incrível? O pior é que os radares estão posicionados distantes das passagens de pedestres ou das curvas perigosas. Se é por segurança, por que os carros oficiais, especialmente os do DER (ou a seu serviço) não respeitam os limites?

Em dez anos de guerra no Vietnã, 58.000 americanos morreram, houve protestos e mudanças políticas. Apenas em 2012, morreram no Brasil, assassinados ou no trânsito, quase dois “vietnãs”... nem políticos, nem manifestantes, nada!

 
Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.