domingo, 27 de abril de 2014

Renasce a Esperança

Maria Helena Cantamissa

Frei Dino

Deus se revela na nossa história dentro da realidade em que vivemos. Isto explica porque vamos entendendo melhor as coisas de Deus. 

Quantas vezes celebramos a Páscoa, sempre um acontecimento novo e importante para nossa vida! Por quê? João, o discípulo amado, abre o caminho para entendermos esta surpreendente constatação: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu sermos chamados Filhos de Deus! E nós o somos”! (1 Jo 3,1) Esta  é a graça que a Páscoa traz consigo e que habita em nós, fazendo-nos crescer cada dia um pouco mais, como filhos e filhas de Deus, a grande vocação que acompanha o dom precioso no Batismo.

Na vida espiritual acontece algo parecido com o processo biológico humano: passamos por várias fases até alcançar a plena maturidade. Tal crescimento espiritual é, antes de tudo, fruto da ação do Espírito Santo em nós e da sua graça. No entanto, ele exige também um renovado compromisso de nossa parte, de caminhar de maneira  mais coerente com nós mesmos, na condição de filhos de Deus.

Não há dúvida alguma da beleza da nossa fé e do poder misterioso e infinito da Páscoa! Mas corremos o risco de que estas maravilhas fiquem no plano das ideias ou se instalem no nível teórico, sem se tornarem experiência e vivência comum do dia a dia.

A Quaresma e a Páscoa acontecem uma em função da outra. Podemos afirmar que a Quaresma é o começo da experiência da Páscoa, como a semente de um fruto desconhecido. Cada ano nasce uma nova esperança de crescimento no Senhor, uma nova alegria e um novo empenho. É uma espiral que nos acompanha até 

celebrarmos, na Páscoa eterna, a nova criação.  Aos poucos vamos transformando em plenitude o que ainda é, em nós, limitado e imperfeito, atualizando a graça do Batismo, seguindo o impulso interior da Páscoa de Jesus.

Muitas vezes escuto: “Eu trabalho muito, estudo muito, sofro muito”, no sentido de mergulhar na vida a procura do verdadeiro sentido da Páscoa. Praticamos atos de caridade periodicamente, somos capazes de fazer algum sacrifício, mas pode acontecer que sejamos cristãos só de vez em quando. Precisamos caminhar sempre. com os olhos fixos no Ressuscitado, estar sempre ao lado de Cristo que carregou a nossa cruz e nos amou sem limites, exigindo que amássemos o outro com misericórdia, bondade e ternura, vinte e quatro horas por dia. Isso que é vida cristã!

O homem novo e o homem velho ainda convivem dentro de nós e às vezes num conflito que nos dilacera. Para vivermos como 

homem novo, precisamos destruir o homem velho.  Este é o propó-

sito da caminhada Quaresmal, no silêncio, na oração, no jejum, no 

sacrifício, na caridade. Sem a Quaresma não podemos fazer a experiência da Páscoa, que exige a conversão completa.

O discípulo irradia a luz e a fecundidade da Páscoa, na medida em que assimila seu conteúdo e suas implicações.

Desejo que a luz da Páscoa penetre na alma de cada um, para que busquemos o seguimento de Cristo, Novo Adão.

Frei Dino é Pároco da Igreja São Francisco de Paula