Juliana Oswald
Em março de 2010, a
enfermeira Andréia Kantoviscki concluiu a dissertação que deu voz a muitas
mulheres. Motivada pela inquietação observada nas pacientes que procuravam
ajuda no hospital da cidade de Itatiaia, Rio de Janeiro, ela optou por
pesquisar um tema que, embora recorrente, ainda é enigmático: a menopausa.
De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que em 2030 aproximadamente 1,2
bilhões de mulheres terão mais de 50 anos – o triplo do que havia em 1990.
Assim, o mundo terá mais mulheres na fase da menopausa, período tão peculiar
para a própria mulher e seus familiares. Ao abordar a função da enfermagem
nesse tema, a dissertação “A vivência do processo de menopausa para mulheres:
uma contribuição para a enfermagem” revela que a menopausa vai além da biologia
– a psicologia e sociologia estão presentes também. “As mulheres reclamam que
às vezes os maridos não consideram que sejam mais tão femininas ou muitas vezes
os amigos e familiares não compreendem seus calores e irritação”, diz a
enfermeira.
A pesquisa foi realizada com vinte mulheres de idade entre 45 e 55 anos e teve a seguinte questão norteadora: “fala-me como é para você estar vivenciando a menopausa”. Embora o questionário fosse voltado para o assunto, Andréia afirma que sentiu dificuldade em fazer com que as pacientes se sentissem tranquilas e tivessem liberdade para falar do tema, pois “para a maioria é um tabu”. As mulheres entrevistadas tiveram suas identidades protegidas e em vez de usar seus nomes, a pesquisadora as retratou com nomes de deusas gregas. Baseada nas respostas que obteve, Andréia afirma que “as mulheres que têm um maior grau de instrução, além de compreender melhor esta fase da menopausa, também a vivenciam de maneira distinta, podendo muitas vezes sofrer menos ou não sentir tanta dificuldade em passar por este momento”.
A pesquisa foi realizada com vinte mulheres de idade entre 45 e 55 anos e teve a seguinte questão norteadora: “fala-me como é para você estar vivenciando a menopausa”. Embora o questionário fosse voltado para o assunto, Andréia afirma que sentiu dificuldade em fazer com que as pacientes se sentissem tranquilas e tivessem liberdade para falar do tema, pois “para a maioria é um tabu”. As mulheres entrevistadas tiveram suas identidades protegidas e em vez de usar seus nomes, a pesquisadora as retratou com nomes de deusas gregas. Baseada nas respostas que obteve, Andréia afirma que “as mulheres que têm um maior grau de instrução, além de compreender melhor esta fase da menopausa, também a vivenciam de maneira distinta, podendo muitas vezes sofrer menos ou não sentir tanta dificuldade em passar por este momento”.
Além dos problemas
fisiológicos, como alterações hormonais e no tônus muscular, um dos maiores
problemas observados pela enfermeira foi o mito de perda da feminilidade. “As
mulheres acreditam que menstruação é sinônimo de feminilidade e de procriação.
E quando não menstruam mais, acreditam que não são tão femininas e desejadas”,
explica. Essa crença desencadeia um processo doloroso nas mulheres: “Perante a
sociedade se torna um momento de frustração e tristeza durante a menopausa”.
Embora a enfermagem e a
medicina trabalhem em conjunto para a desconstrução desse paradigma, Andréia
fala sobre a falta de atenção de ambas para o assunto. “Quase não se trabalha
com as mulheres que estão nesta fase. Considero um grupo excluído e pouco
valorizado. A maioria dos trabalhos que se faz é com adolescentes, gestantes,
idosas, mas o grupo destas mulheres é o último que se pensa”, denuncia a
pesquisadora.