segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Grandes expectativas: remodelando a maneira como pensamos sobre a saúde

                                          Suas expectativas afetam a saúde

Russ Gerber

Um amigo meu contou a história de uma nova professora na escola. As expectativas em relação aos seus alunos eram, em geral, baixas, mas ocorreu o contrário.

Ao final do semestre, houve um jantar e os professores pediram que ela contasse seu segredo. Como os alunos dela conseguiram obter uma média tão alta? Ela ficou surpresa pela pergunta, e disse que antes do início do semestre, estava na sala da administração e viu em uma mesa a lista com os nomes dos alunos. Ao lado de cada nome viu como o grau de QI deles era alto. Não havia segredo para o seu método, disse ela. Simplesmente ensinou-os com total confiança de que eles se sairiam bem, e não se surpreendeu com o resultado.

Após o jantar, um dos administradores da escola conversou com ela sobre a lista que ela tinha visto. Os números ao lado dos nomes não eram graus de QI, mas os números dos armários atribuídos para cada aluno.


Esse resultado se deve ao poder das expectativas encontrado no livro de Chris Berdik,
Mind Over Mind [A mente além da mente]. Berdik, um jornalista com experiência em psicologia e neurociência, examina como as expectativas podem mudar tudo, inclusive as crenças mais arraigadas sobre educação, esportes, justiça criminal e saúde. 

Berdik leva os leitores através de séculos de história antiga até as pesquisas modernas sobre imaginação, hipnose, magnetismo animal, crença, força de vontade, placebos e nocebos. “Eles não são uma coisa só”, afirma Berdik, “mas refletem o hábito da mente de avançar para as conclusões e o poder surpreendente que essas conclusões exercem”. Isso afeta nossa vida no âmbito da saúde. Ele me contou: “o cruzamento das expectativas e da saúde é umas das coisas mais fascinantes que eu pesquisei para esse livro”.


A ideia surge numa época em que os profissionais e pesquisadores de saúde, e o público em geral, vêm prestando
atenção na relação das expectativas com a saúde. A questão não é mais de perguntar se há uma relação, mas sim, quão próxima é essa relação?

Uma pesquisa com placebo e nocebo sugere que há uma correlação direta. Ter esperança pode
trazer benefícios para a saúde, enquanto que a falta de esperança tem o efeito contrário. O medo das doenças pode ser um perigo para a saúde daqueles que temem, enquanto que uma expectativa de bem-estar traz alívio. Como Berdik observa, “nosso mundo real é, de muitas formas, um mundo previsível”.

O que molda nossas expectativas? O que absorvemos do ambiente influenciado pelos meios de comunicação e pelos outros, bem como o que esperamos para a vida. 

Se o fluxo constante de informação causa inquietação ou desânimo, é fácil ser tomado pelo medo e pela impotência, que criam um estado mental debilitado. “Ignorando que a mente humana governa o corpo, que é seu fenômeno”, escreveu a defensora do tratamento mental
Mary Baker Eddy, “o enfermo pode, por inadvertência, acrescentar mais medo ao reservatório mental, que já transborda dessa emoção”.

Há boas razões para prestar atenção naquilo que ocupa o pensamento e molda as expectativas, mas o que as pessoas estão descobrindo é que isso afeta o bem-estar. 

A saúde e a felicidade aumentam em uma mentalidade de paz e confiança, o que pode explicar por que a oração e a meditação aparecem em
prescrições e pesquisas nacionais como práticas que estimulam a saúde. Os níveis de estresse são reduzidos, as funções corporais apresentam progresso, o sistema volta ao normal – efeitos colaterais positivos, diferentes do que estamos acostumados a ver. 

Não somos tão indefesos quanto à administração da nossa saúde. Nem todos concordam com o papel da consciência sobre a saúde, ou sobre os benefícios que a oração pode trazer para o estado mental de uma pessoa. As expectativas de melhoria real podem variar de algo quase imperceptível até o mais alto grau. Mas, se é verdade que alcançamos aquilo que esperamos, talvez seja a hora de elevar nossas expectativas.

Russ Gerber é professor de Ciência Cristã e trabalha em relações com a mídia. Interessa-se por cuidados com a saúde e tem um blog no Huffington Post.