No dia 21 de
agosto de 2013, entrou em vigor uma lei municipal no Rio de Janeiro com o
objetivo de tornar a cidade mais limpa, com foco na punição a todos que jogarem
objetos nas ruas, desde uma guimba de cigarro a caminhões de entulhos.
Já no
primeiro dia da vigência, mais de 120 pessoas foram multadas. Várias deram
entrevistas condenando o mau hábito de sujar e estudiosos trouxeram à baila
explicações sociológicas para a perpetuação desse costume.
Alguns
sustentam que vem da nossa cultura escravocrata, quando os senhores e seus familiares
podiam sujar à vontade e os escravos tinham que limpar sem reclamações nem
questionamentos.
Pela
essência, nenhum cidadão de bem pode ser contra uma lei dessa. O problema é que
se faz um oba-oba no início e depois não há continuidade de aplicação das
multas para valer. Para saber que se trata de uma onda, após há uma acomodação
natural, já que não se trabalha a mudança de comportamento por uma tomada de
consciência.
Previamente,
uma estrutura deveria ser montada para respaldar as exigências impostas pelo
poder público. Ajudaria se colocasse lixeiras em toda a cidade, exigisse
que órgãos públicos e comerciantes colocassem bituqueiras na parte externa da
entrada dos seus prédios e houvesse mais pontos de entrega de material
reciclado.
Também
deveriam ser realizadas palestras de especialistas no assunto em escolas
públicas, o engajamento dos empresários industriais com a criação de espaços
próprios para receberem o material separado e repassar aos órgãos competentes.
Lei como essa
já deveria viger ao menos desde os anos sessenta. Mas se comemora um atraso
secular como se fosse avanço esplendoroso. O mais grave é cair no esquecimento
com o passar dos anos. Na capital paulista a Lei 10.315/1987 vige há mais de 20
anos, e isso não impede que algumas ruas do centro da cidade sejam verdadeiras
fossas a céu aberto.
Muitas
cidades, talvez a grande maioria, apresentaram medidas que não passaram de
bolhas de sabão e marketing. Mesmo com anos-luz de atraso, é positiva toda
iniciativa que retome a discussão sobre esse mau hábito brasileiro. Mas daqui a
cinco anos não pode estar totalmente esquecida pelas autoridades e a sujeira a
correr solta como hoje, como sempre.