Profa. Guilhermina Coimbra.*
...”Não
posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E por não poder fazer tudo, não
me recusarei a fazer o pouco que posso”. (Edward Everett Hale, Clérico e
Escritor norte-americano, 1823-1909).
..."Certos homens odeiam a verdade, por amor daquilo que eles tomaram por verdadeiro!". (Santo Agostinho, Confissões, Livro X, Cap. XXIII)....
”O exemplo não é a
maneira principal de influenciar os outros, é a única maneira possível.”
(Albert Scweitzer)...."Certos homens odeiam a verdade, por amor daquilo que eles tomaram por verdadeiro!". (Santo Agostinho, Confissões, Livro X, Cap. XXIII)....
Decodificar o discurso significa
trabalhar em benefício de todos, tentando fazer compreender os discursos
competentes de autoridades nacionais, internacionais e da mídia - na melhor das
hipóteses - desinformada. Decodificar o discurso significa tentar esclarecer em
linguagem didática e fornecer argumentos para que, devidamente esclarecida, a
população brasileira, possa mudar o curso das políticas que os discursantes
pretendem para o Brasil, país para o qual os nacionais e estrangeiros
residentes no país contribuem.
...”Convicção crescente entre os
especialistas de que o Brasil deveria dar um passo atrás no MERCOSUL. O bloco
deixaria de ser união aduaneira para ser área de livre comércio.” ...
...”vantagem é que o Brasil continuaria, mas, não impediria novos acordos do Brasil com
outras partes do mundo.”... sendo união os países têm que seguir a mesma tarifa
externa e isso nos paralisa”. ...”perguntei na Glonews se a Argentina atrapalha:”...”Muito.
...é o único país que se subdesenvolveu”...” depois que fizemos o do MERCOSUL
uma união aduaneira não houve mais nenhuma” ... “e no mundo proliferaram zonas
livres de comércio”. (In “Recuo no
MERCOSUL”, Leitão Miriam, O Globo, 18.5.2013, p. 26, Castro Neves Luiz Augusto, embaixador/Brasil/CEBRI, e Tavares José,/CEID.).
A União Aduaneira é uma zona de livre
comércio na qual se estabelece taxa alfandegária comum, igual para todos os que
fazem parte de um determinado bloco de países.
O Mercado Comum é uma União Aduaneira na qual circulam livremente capital, mercadorias, tecnologia,
mão de obra e serviços. No Mercado Comum existem Órgãos com atribuições supranacionais
específicas, encarregadas de harmonizar as políticas econômicas e sociais dos
Estados-membros integrados, inclusive com elaboração de políticas comuns.
O Mercado Comum Europeu originou-se
das Comunidades, do Carvão e do Aço/CECA e da Europa Atômica/EURATOM e
terminaram na União Européia. A CECA e a EURATOM se formaram objetivando a
independência da Europa, dos EUA e do Japão no fornecimento de matéria-prima, bens
e serviços nas respectivas áreas.
Os Estados da América do Sul vêm
tentando perseverante e bravamente, desde o Tratado de Assunção/1991, se
integrarem no MERCOSUL.
O MERCOSUL - Mercado Comum
Sul-Americano – agrega atualmente 11 Estados: Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai (Estados fundadores) Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Equador e
Venezuela (Estados associados) e México (Estado observador). O MERCOSUL tem 400 milhões de consumidores, residentes
em 13 milhões de quilômetros quadrados. O MERCOSUL tem que caminhar para
uma integração urgentemente necessária. A união sempre foi a força, a união
sempre foi poder.**
As empresas argentinas e brasileiras
focadas na internacionalização têm no MERCOSUL um fator poderoso de diversificação de mercados e de incremento das
exportações. Apesar de no MERCOSUL coexistirem contextos e realidades
diversificadas, a proximidade geográfica entre os seus Estados-membros é um
fator mais do que favorável.
Os empresários argentinos e
brasileiros inteligentemente devem saber utilizar, tanto a proximidade
cultural, aproveitando a fácil comunicação, através do idioma (português e
espanhol bastante similar) quanto os novos fatores de competitividade, design,
tecnologia, qualidade e preço. Inteligentemente
devem entender que a competitividade aconselha a partilha e as parcerias, para
facilitar a abordagem aos demais mercados.
Como parte de uma União Aduaneira o
Brasil e os países do MERCOSUL têm que seguir a mesma tarifa externa e isso,
absolutamente não paralisa o Brasil,
nem muito menos os demais Estados do MERCOSUL.
Paralisa isto sim, é a ação dos
interesses alheios aos do Brasil e do MERCOSUL.
O que interessa para os que residem
nos Estados da América do Sul é não permitir nenhuma abertura que venha a se
transformar em um esforço colossal para desmantelar as economias nacionais
Sul-americanas.
Para a integração se realizar
plenamente há que se entender bem e rechaçar veementemente as”vantagens”
oferecidas ao Brasil para o caso de o Brasil concordar em sair da união
aduaneira do MERCOSUL.
As “vantagens” oferecidas são
desvantajosas para o Brasil, porque: - tornaria o Brasil “área de livre
comércio”, na qual, o Brasil continuaria sendo o cliente preferencial livre,
dos compromissos assumidos com os Estados-parte do MERCOSUL, mas, completamente preso e dependente, por
25, prorrogáveis por mais 25 anos (conforme é o hábito e o mau costume de se
incluir no prazo de vigência constantes nas cláusulas de tais contratos
internacionais) de contratos cujas partes
contratantes já prejudicaram e muito o desenvolvimento do Brasil; e
tornaria o Brasil “área de livre comércio”, na qual, o Brasil continuaria sendo
o cliente preferencial de novos acordos leoninos; e tornaria o Brasil “área de
livre comércio”, na qual, o Brasil continuaria preso a contratos comerciais
internacionais de cláusulas abusivas, nos quais a parte do leão não será a do
Brasil.
A União Européia tem alicerçado bases
para futuro acordo de diálogo político, de cooperação e livre comércio com o
MERCOSUL.
Assim como as demais tentativas de
livre comércio (NAFTA) certamente tais intenções são difíceis e, mesmo, impossíveis de se concretizarem – haja
vista as discrepâncias e disparates de objetivos no que se refere à
reciprocidade de comércio livre entre as partes.
Mas, a percepção de brasileiros, argentinos e sul-americanos sempre foi
bastante arguta. E nem se pode dizer que seja por questão de inteligência,
porque, na verdade, a questão é de sobrevivência.
As Pequenas e Médias Empresas
Exportadoras da Argentina e do Brasil, ao planejarem a internacionalização de
seus produtos, não ignoram nem podem desconsiderar que o MERCOSUL é um mercado
imenso de potencial inigualável. É, portanto, alternativa válida, bastante
atraente e lucrativa para o investimento.
O
mercado exportador argentino e brasileiro é enorme relativamente aos
tradicionais mercados de destino.
Importante entender bem que o inimigo comum das empresas brasileiras,
argentinas e sul-americanas que fazem ou pretendem fazer bons negócios não são as empresas argentinas nem as
brasileiras e nem as empresas vizinhas estabelecidas nos territórios dos
Estados-Membros do MERCOSUL.
Apesar de tanto no Brasil quanto na
Argentina existirem maiores oportunidades para as respectivas empresas
(argentinas, brasileiras) o objetivo
maior dos brasileiros, dos argentinos e dos sul-americanos tem que ser -
inteligente e necessariamente - o de
fortalecer o comercio entre eles.
As empresas estabelecidas nos
territórios dos Estados-membros do MERCOSUL são as grandes e importantes aliadas e como tais têm que ser
vistas, admiradas e respeitadas. Não faria sentido empresas brasileiras
e argentinas competirem entre si.
Fora de cogitação competir com as empresas
estabelecidas, na área abrangida pelo MERCOSUL.
Por uma questão de lógica - ausente o
menor sentimento de descriminação, porque, tradicionalmente, Brasil e Argentina
são amigos e inclusivos - os
interessados em minarem as boas parcerias entre as empresas argentinas,
brasileiras e entre as dos Estados-Membros do MERCOSUL são e serão, sempre, as
empresas estabelecidas em outros Continentes.
Assim, deve ficar fora de cogitação desrespeitar atitudes tomadas por governos
sul-americanos em beneficio de suas respectivas empresas. A autonomia dos Governos Sul-Americanos tem
que ser compreendida e respeitada.
É momento de estreitar
laços e parcerias, nas relações empresariais Argentina-Brasil-MERCOSUL, em um
momento sensível, tanto na economia dos dois países quanto no ambiente
internacional.
O MERCOSUL dever ser o
maior provedor de produtos agrícolas por certo tempo. Mas, os sul-americanos
entendem perfeitamente que esta é a base necessária para ter economias livres
no Século XXI.
Assim como os Norte-Americanos e os europeus – os Sul-americanos são, na
essência, nacionalistas, com muito
orgulho.
No que concerne a Argentina e ao
Brasil, somos todos nacionalistas,
amigos, inclusivos e de modo algum xenófobos.
A Argentina, o Brasil e os demais
Estados Sul-americanos têm trabalhado muito e ajudado muito a manter o status
de desenvolvimento de diversos
sócios em diversos empreendimentos.
O MERCOSUL e a integração da economia
sul-americana não pode continuar a dar passos para atrás, de modo a atender
interesses inconformados em perder os clientes-habituais para mercado tão
interessante e de tamanho potencial quanto é o do MERCOSUL..
As
eleições na Organização Mundial do Comércio (OMC) é reflexo de uma exigência de
grande parte do mundo. O Embaixador brasileiro como se elegeu com os votos
majoritários da Ibero – América, da África, e dos BRICS não vai poder se
restringir a uma insistente tentativa de consolidar a Rodada de Doha, porque o
efeito será o protecionismo exacerbado.
A nova direção da OMC tem que atentar para as legítimas
aspirações dos Estados da América do Sul, sem tentar organizar o comércio
mundial como uma “ditadura do livre comércio”, como se esta “ditadura” fosse a
única solução, porque, não é.
Finalmente, a integração no MERCOSUL foi a última
porque os demais fortes concorrentes j=a estão mais do que
integrados:CEE-MCE-EU e NAFTA. Os
demais, ainda estão subservientes, como marisco em guerra de maré contra
rochedo.
Os que residem nos Estados da América
do Sul estão atentos.
Os Estados da América do Sul – integrados
no MERCOSUL, entre eles, Argentina e Brasil - merecem respeito!
*Curriculum Lattes;
** In Coimbra, Guilhermina, “O Direito da
Integração Européia e do MERCOSUL na Defesa da Concorrência Comercial e
Fiscal”, Ed. Lumen Juris, Ed. 2006, Rio de Janeiro/RJ.