quinta-feira, 18 de abril de 2013

Cartazes ajudam a mobilizar a sociedade

A pesquisadora relaciona o design gráfico ao engajamento social em análise de cartazes contra a guerra do Iraque

Raquel Rodrigues

O design pode ser usado como instrumento de mobilização social, é o que mostra Flávia de Barros Neves, mestre em design pela UERJ, em sua dissertação que estuda cartazes de guerra, “Design gráfico e mobilização social: cartazes contra a guerra do Iraque”. A pesquisadora focou na conceituação teórica do design gráfico socialmente engajado e mostrou que sem relação com governos ou objetivos comerciais, os cartazes são exemplos de movimentos e agitação social para propagação de suas ideologias.

Durante a pesquisa, Flávia verificou que o assunto ainda é carente de estudos em língua portuguesa, por isso crê que sua dissertação seja capaz de incrementar as informações científicas sobre o design socialmente engajado no Brasil. Para exemplificar esse tipo de trabalho, a autora analisa cartazes de campanhas contra a guerra do Iraque como construção de um discurso visual, uma vez que a propaganda ideológica estimula a reflexão e não a promoção de uma ideia privada. Ela também investiga uma linguagem gráfica de protesto comum através das estratégias visuais mais usadas e propõe repensar o papel do design ao apontar um campo mais amplo de atuação.

O design é uma atividade social que busca tocar as pessoas, mas não é sempre que possui como objetivo a melhoria social. Os cartazes antiguerra, que são o foco da pesquisa da autora, têm como seu maior propósito a preservação da vida das pessoas envolvidas no conflito. Para Flávia, garantir que a mensagem de um projeto gráfico seja positiva e vá acrescentar aos seus espectadores conhecimento e informações relevantes e benéficas é uma atitude de cidadania e de responsabilidade com seu trabalho. “O questionamento social é um direito das sociedades democráticas, assim como é inerente às sociedades não democráticas nas quais os cidadãos buscam a liberdade de expressão e a justiça social”, afirma a pesquisadora.

Os cartazes, além de buscarem retratar a realidade nua e crua da guerra, o que prioriza o protesto, também são reflexo da comunicação visual de uma época. Segundo a autora, “O cartaz apresenta um valor comercial e histórico, se comportando como retrato da cultura, da tecnologia, das relações sociais de seu período histórico e com a força como um meio de comunicação de massa através de seu apelo persuasivo”. Transmitindo uma mensagem de maneira sucinta, o cartaz é um dos maiores representantes da evolução histórica do design gráfico.