sexta-feira, 25 de maio de 2012
GOVERNO PRETENDE VENDER QG EM NEGOCIAÇÃO MILIONÁRIA
Em 2008, quando surgiram as primeiras especulações de que o terreno do Quartel General da Polícia Militar do Estado do Rio, na Rua Evaristo da Veiga, seria vendido, o vereador Carlo Caiado apresentou um Projeto de Lei com o objetivo de tombar o prédio. Ele explica que na época, em conversas com diversos oficiais militares, surgiu uma grande preocupação com a preservação daquele espaço, que tem grande valor histórico e para a segurança pública. Documentos comprovando essas questões foram entregues a Caiado, que destaca as seguintes informações:
Importância histórica
- Construído em 1740, o prédio abrigou a Hospedaria de N.S. da Oliveira, pertencente aos Frades Capuchinhos italianos.
- No local foram plantadas as primeiras mudas de café do Estado do Rio, trazidas do Norte do país entre 1760 e 1762.
- Em 1831, passou a abrigar o Quartel-General da PM. Da unidade saíram os oficiais para lutar na Guerra do Paraguai, em 1865.
- Abriga a Capela de Nossa Senhora das Dores, uma relíquia arquitetônica.
Localização estratégica para a segurança pública
- A estrutura funcional transforma o QG em uma importante base operacional, que propicia o desdobramento e a articulação de unidades de acordo com a necessidade.
- O local permite a gestão logística como o armazenamento de armamentos e espaço para treinamento de policiais.
- A localização facilita o rápido deslocamento de tropas e materiais para qualquer parte da cidade.
- Os quartéis generais de países como França, Inglaterra (Scoltand Yard), Alemanha, Chile e Itália, e a Polícia de Nova York, nos Estados Unidos, estão situadas em grandes prédios, ocupando um ou mais quarteirões. Ou seja, todas as polícias do dito Primeiro Mundo e outras da América do Sul possuem instalações dignas.
Veja o ofício da Associação de Oficiais Militares Estaduais do Rio de Janeiro apoiando o projeto de Caiado
Acordo não foi cumprido
O Projeto de Lei 1877/2008 entrou em votação na Câmara Municipal no dia 22 de março desse ano. O PL teve 16 votos, sendo 13 favoráveis e três contrários. (Veja aqui os vereadores que votaram a favor do tombamento) Mas, como era preciso um mínimo de 26 votos, a votação foi interrompida por uma promessa do líder do governo de que traria o secretário-chefe da Casa Civil do Governo do Estado, Régis Fichtner, para explicar as intenções do governador aos demais vereadores.
Este encontro não aconteceu e o vereador Caiado conta que foi surpreendido com o anúncio de que a venda do terreno estava sendo concretizada. Sendo assim, Caiado se comprometeu a colocar o projeto de volta na pauta, para ser votado na quinta-feira da próxima semana. “A intenção é conseguir aprová-lo e não permitir que mais esse crime seja cometido contra a história de nossa cidade. Encaminhei ampla documentação ao Ministério Público e tenho confiança nesta ação, iniciada no início de maio, que pode pôr abaixo os planos de destruição do QG. Uma cidade que tem grande visibilidade nacional e internacional como o Rio não pode leiloar seus bens públicos, desvalorizando prédios históricos e desrespeitando espaços úteis à população” - afirmou.