sexta-feira, 27 de abril de 2012

APESAR DA CRESCENTE VOLTA DE CEARENSES PARA O NORDESTE, RIO DE JANEIRO CONTINUA SENDO DESTINO DE MIGRAÇÃO.

Alto índice de garçons nordestinos aponta a migração pertinente no Brasil

Karina Cardoso

De acordo com a tese Comunicação e Cidade: Migrações Cearenses no Rio de Janeiro, de Alessandra Marques C. da Fontoura, a comunicação é uma prática social que contribui para manter o fluxo ativo de migração de cearenses para o Rio de Janeiro. A pesquisa foi defendida em maio de 2007 para obtenção de título de mestrado pela Faculdade de Comunicação Social da Uerj.

No trabalho, a autora analisa as representações sobre a cidade através de entrevistas com garçons que trabalham no centro de Rio de Janeiro, todos advindos do Ceará. A escolha de “profissionais de bandeja”, como mencionado por Alessandra, vem da curiosa tradição da maioria desses trabalhadores serem oriundos de algum município cearense.

Durante a pesquisa, a autora explica que a predominância de cearenses trabalhando em bares está associado à migração. De acordo com ela, a justificativa geral é que “um vai trazendo o outro”. A onda de migrações do Nordeste para o Sudeste surgiu com mais intensidade a partir do século XIX, e até então, as cidades abrigavam somente 20% da população mundial. A divisão especializada do trabalho decorrente da Revolução Industrial foi a grande precursora do movimento migratório.

Segundo Alessandra, “as promessas de uma vida melhor, bem como a possibilidade de aumento na remuneração, atraiam os migrantes para as cidades. Os novos habitantes acumulavam-se no espaço urbano, tentando se adaptar à vida longe do cotidiano do campo. Aprender a ser da cidade era preciso”. A partir de um intermediário conterrâneo, a possibilidade de um emprego certo na cidade aumenta, trazendo ainda mais pessoas do Nordeste. Vira-se então um ciclo vicioso, influenciando grande parte da família que ainda reside em solo cearense a vir para o sonho carioca de trabalho garantido.