* Cristina Magalhães
Sobre o "Kit Gay", comecei a pensar porque me incomodava tanto, essa iniciativa...Certamente não era por uma questão de preconceito. Tenho amigos ( e muito queridos amigos) que se assumem homossexuais e sempre entendi que se, por um lado, não me cabia, por uma visão pessoal, concordar com esta opção por não compreendê-la como uma das dimensões do ser humano - a de escolher o próprio gênero, que estruturalmente não lhe cabe, salvo em casos de problemas congênitos- me caberia muito e absolutamente menos julgar aqueles que pensassem diferente. Não apoiar NÃO é sinônimo de condenar, que fique claro. O livre arbítrio deve ser respeitado ampla e permanentemente.
Comprendi desde cedo que o que pensava sobre esta questão não poderia ser impedimento para que as minhas ações promovessem o ser humano.Qualquer ser humano, independente de suas opções sexuais.
E foi aqui que descobri o meu "incômodo" com o tal kit: para se garantir os direitos de uns- há muito negados- estava-se negando os mesmos direitos a outros.
Em outras palavras, para garantir os direitos dos homossexuais se impunha aos heterossexuais um valor que se assume voluntaria e conscientemente e não goela abaixo. Isto não constrói aceitação e, muito menos, compreensão de uma parte para com a outra.
Se a escola é lugar de aprendizagem e conhecimento, o que se pretendia? Disse, hoje, a nossa presidente que o governo não deve fazer propaganda sobre o comportamento sexual de ninguém. Concordo com ela. Até porque, sexualidade se vive e o que se precisa aprender é TOLERÂNCIA, COMPAIXÃO E RESPEITO AO PRÓXIMO, não importando se se trata de um homossexual ou de um heterossexual.
Se as escolas, como reflexo da nossa sociedade, se empenharem na busca desses valores, não será necesssário kit de espécie alguma. Nunca. O que se precisa, muito antes de se introduzir o que quer que seja nas escolas, é, como sociedade, crescer na direção dos valores que respeitam a nossa dignidade como seres humanos à despeito de nossas opções sexuais, religiosas ou políticas.
* Cristina Magalhães é geógrafa, professora e teóloga