Pesquisa de universidade de Vassouras tenta conscientizar sobre a importância da vida social e saúde dos cuidadores de um dos grupos etários que mais cresce no país
Marianna Salles Falcão
A pesquisa A Solidão do Jardineiro(As Dificuldades de Cuidar de Quem Cuida), realizada por um grupo de 17 acadêmicos* de medicina da Universidade Severino Sombra, acompanhou por 2 anos 20 idosos com doenças de Parkinson, Alzheimer, entre outros problemas de saúde que demandam cuidado constante. O objetivo foi avaliar os cuidadores, ou seja, as pessoas que dedicam suas vidas a dar atenção a esses idosos. O projeto foi apresentado no último Congresso Científico da HUPE.
Segundo texto de apresentação da pesquisa, que reproduz dados do IBGE, “cerca de 40% das pessoas com 65 ou mais anos de idade precisam de algum tipo de ajuda para realizar pelo menos uma tarefa”, sendo que, desse total, 10% tem dificuldade em tarefas básicas, como “tomar banho, vestir-se, alimentar-se e, até mesmo, levantar-se ou deitar-se”. Numa situação assim, surge a figura do cuidador, que, de acordo com Juliana Portella Veiga Drumond, uma das responsáveis pelo trabalho, geralmente são “esposas, filhas, ou até profissionais de saúde”.
Juliana conta que os cuidadores “deixam de fazer as coisas que gostam, para fazer todas as vontades do cuidado. A maioria não tem convívio social, porque praticamente só cuida desse idoso”. Essa realidade de dedicação 24 horas foi a inspiração para o título do trabalho: “as pessoas que cuidam acabam deixando de lado sua vida para cuidar do jardim delas, que, no caso, são os próprios idosos”.
Entre os cuidadores pesquisados, constatou-se que 90% deles deixou de trabalhar para se dedicar exclusivamente aos idosos, enquanto que 70% deles apresentavam alto grau de stress e eram portadores de doenças crônicas. De acordo com Juliana, o maior objetivo do trabalho foi “tentar fazer com que o cuidador também pensasse nele, que também procurasse unidades básicas de saúde, para mostrar que ele tem que cuidar também de si mesmo”. O bem-estar do cuidador acaba influenciando positivamente o próprio doente: “quando o cuidador está com a saúde boa, está fisica, mental e socialmente bem, isso interfere também no idoso. Porque os idosos, quando vêem que quem está cuidando deles está bem, acabam se sentindo melhor”, afirma Juliana.
A pesquisadora lembra ainda que, além do risco de desenvolver doenças crônicas, cuidadores também acabam se tornando extremamente dependentes da dinâmica criada com seus doentes, em tal intensidade que muitas vezes “quando este idoso falece, a pessoa não sabe o que fazer da vida”. Segundo Juliana, uma vez que o idoso falece, aqueles que cuidavam dele acabam “perdendo o rumo, o objetivo de suas vidas”.
- o resumo da pesquisa pode ser lido em http://www.uss.br/web/arquivos/viiienic.pdf
*Amanda Thaís Thomé de Morais; Ana Amélia David Geraldes; Mariah de Paula Leite; Juliana Portella Veiga Drumon; Fernanda Correa Chaves; Magdalene Salomão Fonseca; Cláudia Correard de Lima; Heitor Mansor Coleti; Henrique Junqueira G.G Marques; Marcelo Cristiano C. Cardoso; Pedro Victor P. Kegel; Francisco Buraneli; Gustavo Marttins de Almeida; Patrícia Sayuri Ueno; Loruama Nogueira; Ádamo Katsuhiro de Andrade Yoshiki; Elisa Maria Amorim de Couta