Estimulação cognitiva auxilia tratamento de pacientes com Alzheimer
Começou ontem e vai até o dia 27, o 48º Congresso Científico do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), cujo tema é “Saúde do Homem”. No primeiro dia do evento, as palestras discutiram tratamentos adicionais aos farmacológicos para a doença de Alzheimer.
Rafaella Gil e Danielle Veras
Segundo dados do site da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, em 2008, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou que 60% dos idosos com demência por unidade da federação tem a doença de Alzheimer . Diante da importância do fato, coordenada pela assistente social Maria Angélica Sanchez (UERJ), a série de palestras “Doença de Alzheimer: Tratamento não farmacológico”, apresentadas ontem no 48º Congresso Científico do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) abordou meios que demonstraram resultados satisfatórios como um auxílio ao tratamento medicamentoso para pacientes portadores da doença.
No evento, a musicoterapeuta Márcia Godinho (Uerj) defendeu o uso da música e seus elementos como linguagem terapêutica e objeto de tratamento para promover a comunicação, relação e aprendizado do portador da doença. “A música atua como intermediadora no estabelecimento da relação terapêutica, visando à melhoria da qualidade de vida”, disse.
Segundo Márcia, através da música há uma estimulação rítmica e melódica da fala, do ato de cantar e da psicomotricidade, entre outras habilidades, privilegiando o repertório e a memória musical. Ela ainda acrescenta que “a demência do Alzheimer muitas vezes parece pior do que realmente é devido a um quadro de depressão, que poderia ser atenuado pela musicoterapia em parceria com a psicologia”.
Já a neuropsicóloga Irene Moreira (UERJ) tratou da estimulação cognitiva – trabalho realizado a fim de otimizar o funcionamento cerebral após diagnóstico de déficit. O objetivo deste tipo de tratamento, segundo ela, é proporcionar melhoras na auto-estima, nas interrelações sociais e nas relações do paciente com familiares e cuidadores.
O tratamento envolve treino de memória e atividades manuais e recreativas a fim de aumentar a independência funcional. Irene explicou que os resultados são considerados positivos se a doença para de progredir ou se os danos passam a ocorrer em velocidade menor.
Mudando o foco do paciente para o cuidador, Maria Angélica Sanchez ministrou a palestra “Identificando, avaliando e acompanhando o cuidador”. Ela expôs que “o cuidador muitas vezes se vê envolvido na situação e é obrigado a abdicar de suas relações e necessidades, o que nem sempre permite levar essa atividade de modo tranqüilo”.
Maria Angélica também atentou para o fato de que existem casos de cuidadores que tiveram relações conturbadas – e por vezes traumáticas – com os pacientes, “levando-os a uma sobrecarga emocional, o que poderia gerar um quadro depressivo”.
As palestrantes chamaram atenção para o fato de que esses tratamentos não farmacológicos, que devem ser interdisciplinares, visam à melhoria da qualidade de vida do idoso e de sua família, que precisa se envolver no processo de terapia a fim de um melhor aproveitamento.
Nota da redação: para ler o texto da Secretaria de Estado de São Paulo acesse http://www.saude.sp.gov.br/resources/profissional/acesso_rapido/gtae/saude_pessoa_idosa/mapa_alzheimer_no_brasil.pdf.