Da Redação
em São Paulo*
e do UOL News, no Rio de Janeiro
(texto atualizado às 15h58)
Deslizamentos de terra provocados pela forte chuva interditam desde a noite de terça-feira o Túnel Rebouças, principal via de ligação das zonas norte e sul do Rio, que tem mais de dois quilômetros de extensão e por onde passam diariamente cerca de 180 mil veículos.
TÚNEL REBOUÇAS FECHADO
Os deslizamentos no túnel prosseguem...
e não há previsão para liberação do trânsito
RIO FICA 'TRAVADO' NESTA QUARTA
TÚNEL SEM PREVISÃO DE LIBERAÇÃO
FOTOS DO DESLIZAMENTO
Segundo a prefeitura, pelo menos 100 toneladas de terra caíram da encosta do Morro do Cerro Corá, na zona sul. Novos pequenos deslizamentos continuavam ocorrendo durante a tarde de hoje. Não há previsão para a liberação das pistas, mas o secretário municipal de Obras, Eider Dantas, mencionou a possibilidade de cerca de mais 48 horas de interdição (em tese, o túnel pode ficar interditado até o início da tarde de sexta-feira).
Cerca de 25 homens da Defesa Civil Municipal tentam trabalhar na remoção de terra no túnel, mas a chuva intensa e o risco de mais deslizamentos impede os trabalhos. Segundo a Defesa Civil, a remoção total de terra só poderá ser concluída depois que a chuva parar, quando também poderá ser feita uma avaliação mais precisa das condições do túnel. Por enquanto, não há informação oficial sobre danos à estrutura do túnel.
Os bairros mais atingidos pelas chuvas no Rio de Janeiro são, segundo a prefeitura, Campo Grande, Taquara, Praça Seca, Piedade, Guadalupe, Tijuca, Centro, Catete, Glória, Barra da Tijuca, Praça da Bandeira, Bonsucesso e Higienópolis.
A Defesa Civil Municipal recebeu 90 chamadas nas últimas 24h. Em dias normais, o número de chamadas varia entre 10 e 12 por dia. De acordo com o coordenador da Defesa Civil, coronel João Carlos, por causa da chuva, técnicos do órgão fazem monitoramento das condições do morro do Vidigal e do Maciço da Tijuca, permanecendo em "estado de atenção", com profissionais de plantão 24 horas.
Não há registros de feridos e nem desabrigados. A maioria dos chamados, registrados entre ontem e hoje, é para infiltrações e rachaduras em residências. Para atendimento em casos de emergências ou solicitações, a Defesa Civil coloca à disposição das população o telefone gratuito 199.
A chuva também causou a interrupção do fornecimento de energia e telefone em parte da cidade. De acordo com a Light, o apagão atinge partes do município de Nova Iguaçu; Anil e Freguesia, em Jacarepaguá; Cosmos e Barra da Tijuca, na zona oeste; Santa Teresa, na região central; e Tijuca, na zona norte.
A assessoria da Light informou que técnicos da empresa estão fazendo reparos nestas regiões. Os moradores do bairro de Copacabana também ficaram sem energia por 20 minutos durante a manhã. A queda foi provocada por um problema na linha de transmissão que abastece a subestação da região, que afetou todo o bairro.
Na manhã desta quarta-feira, com sinais de trânsito apagados, motoristas tentavam trafegar pela contramão para conseguir chegar ao trabalho.
A situação caótica não se restringe aos meios de transporte terrestres. O aeroporto Santos Dumont, no centro, fechou para pousos e decolagens, e o Internacional Antonio Carlos Jobim, na Ilha do Governador, zona norte, operava por meio de instrumentos.
O secretário municipal de Transportes, Arolde de Oliveira, pediu aos cariocas que não saiam de carro, que dêem preferência a trens e metrô e, se possível, fiquem em casa. "O dia todo será complicado", vaticinou.
Em entrevista ao UOL News, o coordenador de operações da Defesa Civil, coronel Evandro Sarno, declarou que, apesar da situação caótica, a chuva forte era prevista e "não pegou o Rio de Janeiro de surpresa". "Os maiores problemas estão na fluidez do trânsito", disse.
Deslizamento na Rio-Santos
A Defesa Civil Estadual não tinha registro de ocorrências graves em outros municípios do RJ por causa da chuva até o início da tarde. Houve um deslizamento de terra numa encosta da rodovia Rio-Santos no município de Itaguaí (75 km a oeste do Rio de Janeiro), que provocou a interdição parcial da pista no sentido Rio-Parati. Não houve vítimas e não há registro de congestionamento nesse trecho da rodovia.
Chuva deve continuar
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva que causa transtornos no Rio desde a noite de ontem é fruto da influência de áreas de instabilidade provocadas pelo encontro da umidade vinda da Amazônia com uma frente fria, provavelmente originária da Argentina. O meteorologista Lúcio de Souza informou que a previsão é de que o cenário chuvoso permaneça inalterado nas próximas 48 horas.
A estimativa do Inmet é de 45 a 50 milímetros de chuva nas 24 horas na região metropolitana do Rio, o que é considerado cenário de chuva moderada. No entanto, de acordo com o meteorologista, os danos são agravados por causa da característica intermitente da chuva. "É um fenômeno característico da instabilidade da primavera com a chegada do verão", explicou Souza.
*Com informações da Agência Estado