O Lions Clube de Blumenau Centro, reunido em assembléia no dia 15 de julho de 2009,
formulou e aprovou por unanimidade a divulgação ao país, por todos os meios ao seu
alcance, do seguinte manifesto.
formulou e aprovou por unanimidade a divulgação ao país, por todos os meios ao seu
alcance, do seguinte manifesto.
LIONS CLUBE DE BLUMENAU CENTRO
CNPJ 01.445.120/0001-65
“Maior servidão é mandar homens, que servi-los.”
(Padre Antônio Vieira, 1608/1697, nascido em Portugal, viveu por muito tempo no
Maranhão).
MANIFESTO À NAÇÃO
O sentimento da população brasileira para com a política e os políticos é de profunda
indignação e revolta. Infelizmente os desmandos são de tal ordem e número que, além deste
sentimento de frustração, as pessoas parecem estar anestesiadas.
O Lions Clube de Blumenau Centro, com 53 anos ininterruptos de serviços prestados à
comunidade, tem, entre seus objetivos, o estímulo ao patriotismo. Conta até hoje em suas
reuniões com alguns dos seus fundadores, forma um grupo preocupado com o Brasil e
também se sente atingido por esta indignação, que é notória nas ruas.
Em vista disso elaborou o presente manifesto, a ser divulgado de todas as formas e por
todos os meios possíveis, objetivando despertar o país da letargia e reverter o quadro
lamentável que se espalha entre os brasileiros responsáveis.
Ainda que os índices econômicos possam aparentar uma certa tranquilidade, ela é ilusória,
na medida em que padrões éticos estão sendo vilipendiados diuturnamente nos mais
variados níveis da administração pública. Eles são tanto mais graves, quanto mais próximos
da esfera federal.
Escândalos de toda ordem, desde malversação do erário, favorecimentos pessoais espúrios,
espírito corporativista intoleravelmente reprovável, aumento absurdo no número de cargos
e atitudes antiéticas deixaram de ser exceção, para virarem regra. Nem bem um escândalo é
divulgado, outro lhe toma o lugar, gerando na população, por esta sequência regular e
continuada, aquele sentimento de impotência e letargia referido anteriormente. Parecemos
todos zumbis estáticos, observando os fatos sem reagir, descrentes de mudanças positivas.
Não se trata de reivindicar um simples e utópico processo de distribuição de renda, de
criticar irresponsavelmente a livre iniciativa ou de levianamente censurar bons salários aos
administradores públicos competentes. Trata-se de encontrar um modelo mais comedido,
em que o cidadão trabalhador não fique estarrecido ao verificar que o que percebe de
rendimento em toda uma vida é pago a alguns funcionários públicos e parlamentares em
questão de poucos anos, quando não alguns meses, sob as mais variadas denominações!
Ainda que fosse somente pelo fato de não carregarmos na consciência a censura de nossos
filhos e netos pela nossa omissão e pelo nosso silêncio, e não pelo patriotismo em si, hoje
tão pouco em voga, nós, membros do Lions Clube Blumenau Centro, sentimos ter chegado
o momento de levantar a voz, pacífica mas energicamente. Este manifesto não pretende ser
um brado irresponsável, uma palavra de ordem surrada ou um grito oportunista, que são os
adjetivos tantas vezes usados pelos poderosos para abafar os protestos dos insatisfeitos.
Ele pretende ser um alerta, um chamado ao despertar, um incentivo à formação de cidadãos
que, além de emprego e trabalho, sintam orgulho dos líderes que conduzem através do seu
voto aos cargos públicos, dos mais altos aos mais baixos, delegando-lhes poderes para fazer
honestamente o melhor pelo país, pela sociedade, pela comunidade.
O Lions Clube de Blumenau Centro está preocupado com a violência já não mais restrita
aos grandes centros e que avança dia a dia, alcançando índices alarmantes. Está preocupado
com a educação, na qual, sob um distorcido conceito de liberdade, os alunos estão
agredindo os professores, as drogas estão sendo consumidas por nossa juventude à luz do
dia e diante da polícia, trazendo em seu rastro a criminalidade crescente, apenas para citar
alguns exemplos.
Os parlamentares estão legislando cada vez menos, porque preocupados em acusar
adversários ou em defender-se de acusações, brigando por cargos e benefícios, dando as
costas àqueles que juraram defender. Reclamam do Executivo quando este governa com
medidas provisórias, mas não têm coragem de simplesmente rejeitá-las, temerosos de que
com isso seus apadrinhados sejam prejudicados nas inúmeras nomeações que irão favorecer
este ou aquele partido e assim perpetuar as benesses que aparentemente passaram a ser o
objetivo principal e imediato de suas ações.
Não menos preocupante é o quadro do Poder Executivo em seus vários níveis, pois se vale
exatamente deste poder de nomeações e da famigerada “caneta na mão” para manter em
rédea curta o Congresso. Nele os parlamentares assemelham-se a sócios lutando por
objetivos comuns, embora condenáveis e distantes das necessidades da população.
Triste é também a situação do Judiciário, que, embora dispondo hoje de toda a tecnologia
da informática, acumula nos gabinetes os processos cujas decisões o cidadão ansioso espera
por anos, às vezes décadas. Ilustra bem este quadro a recente divergência manifestada de
forma agressiva e lamentável entre os ministros da mais alta corte, o Supremo Tribunal
Federal, minando a confiança das pessoas na última instância a que podem recorrer quando
têm seus direitos ameaçados ou agredidos.
Se a democracia está sustentada nestes três poderes e estes estão tão comprometidos em sua
ação efetiva e em seu comportamento ético, fácil é concluir que quando o fundamento é
frágil, a estrutura que ele sustenta também se fragiliza e ameaça ruir. Não foi para isso que
a democracia foi defendida a alto preço em passado recente. Simplesmente tratar desiguais
com igualdade não é democracia, é anarquia!
A classe dirigente não pode ser apenas uma elite intelectual. Isso é pouco! Ela tem de ser,
antes disso e mais que isso, uma elite moral. Um bom serviço eventualmente prestado no
passado por algum político não autoriza e nem pode servir de atenuante para que ele
cometa deslizes no presente. Napoleão já dizia que “Toda indulgência para com os
culpados revela conivência.”
Assim como não se pode exigir que um filho imaturo seja exemplo para seus pais, mas sim
o contrário, da mesma forma não se pode jogar nas costas da sociedade a responsabilidade
pelo pouco caso que seus dirigentes têm para com a coisa pública, impingindo-se a ela,
sociedade, a culpa por suposta falta de critério na escolha dos candidatos eleitos. Esta é
uma forma ardilosa, perversa e demagógica de pulverizar a responsabilidade por má
conduta, tirando-a dos ombros dos dirigentes para espalhá-la comodamente sobre os
ombros dos dirigidos.
O objetivo do presente manifesto é, finalmente, despertar na opinião pública, nos clubes de
serviço, órgãos representativos, imprensa e comunidade em geral, um clamor para que
apareçam sugestões de procedimentos mais éticos e reformas estruturais.
Folha corrida limpa para candidatos a cargos públicos? Eliminação ou restrição drástica de
comissionados? Redirecionamento das prioridades do país? Assembléia Nacional
verdadeiramente “Constituinte” e não simplesmente com poderes constituintes como foi a
de 1988? A Constituição “cidadã” efetivamente logrou promover a verdadeira e autêntica
cidadania? Manteve equilíbrio entre direitos e deveres? São perguntas ilustrativas que este
manifesto, num primeiro momento, deixa no ar, para reflexão.
A nossa associação não tem receitas prontas para que esta mudança urgente e inadiável se
concretize. Ela deseja sim, juntamente com outras entidades, participar com sugestões.
Mas, cabendo originalmente ao Congresso articular as mudanças positivas, é lá que deve
acontecer a mudança em primeiro lugar.
O Lions Clube de Blumenau Centro, através deste manifesto, busca o apoio de tantos
quantos o lerem e concordarem com ele para que, formada uma corrente de ética,
moralidade, cidadania e transparência, se dê um basta a esta torrente de escândalos. Que
comecemos todos nós, brasileiros de bem, a construir um país melhor, mais humano,
íntegro e civilizado, dirigido por pessoas das quais possamos nos orgulhar e não nos
sentirmos profundamente envergonhados, como hoje acontece.
Que nos sirva de inspiração, incentivo e fecho deste manifesto a seguinte frase do escritor e
analista econômico e político sul-africano, Leon Louw: “Se conseguirmos fazer avançar a
multidão na direção certa, os políticos não terão outra alternativa senão sair à sua frente.”
Blumenau, SC., Julho de 2009.
Hézio Araújo de Souza
Presidente 2009/2010
A utilização, divulgação e reenvio do manifesto são livres, citada a fonte