Japoneses saem na frente na disputa para fornecer tecnologia ao trem-bala
Por Ascom
Se depender dos investidores japoneses, o trem-bala brasileiro sai antes do prazo. Num seminário organizado pelo Grupo Parlamentar Brasil-Japão, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o governo japonês mostrou que não vai medir esforços para ter o seu modelo de trem-bala, o Shinkansen, aplicado na ligação de alta velocidade entre Campinas-São Paulo-Rio de Janeiro. Em três painéis técnicos, o Japão mostrou que tem capacidade para fornecer a tecnologia e os equipamentos necessários para o empreendimento. E know how não falta: o país foi o primeiro a construir um trem de alta velocidade, em 1964.
A história do Japão pode ser lida pela evolução das suas ferrovias. Em 1872, o país inaugura sua primeira ferrovia. Hoje são mais de 2 mil km de trilhos e 80% da sua população usa, diariamente, o trem como meio de transportes para se deslocar entre metrópoles e pequena cidades. Com base em dados históricos e econômicos, o ministro da Terra, Infraestrutura e Transportes do Japão, Hiroshi Saeki, levantou os pontos positivos do Shinkansen, como pontualidade, conforto e segurança, e defendeu o sistema de alta velocidade como um indutor de desenvolvimento do país.
- O Japão construiu sua primeira linha em 1964, quando o país estava em fase avançada de desenvolvimento, como acontece com o Brasil agora. Hoje, temos mais de 2 mil km de linhas de alta velocidade. Temos convicção de que o TAV servirá de base para desenvolvimento social e econômico, levando-se em conta os investimentos técnicos e de infraestrutura – defende Hiroshi Saeki.
O secretário de Transportes, Julio Lopes, representou o Governo do Estado do Rio no evento. E classificou como um fato inevitável a construção do trem-bala entre as duas metrópoles.
- Nós estamos acompanhando desde o início as negociações e os estudos. Vamos apresentar ao Governo Federal um estudo que aponta possibilidades de incentivo e desonerações. É nossa forma de contribuir para esse projeto, que vai representar uma enorme quebra de paradigma na visão que temos de meio de transporte – comentou Julio Lopes.
O diretor da Mitsui, empresa líder do consórcio japonês para implantação do trem-bala brasileiro, mostrou, por meio de vídeos, exemplos de linhas em funcionamento no Japão que venceram limitações impostas pelo relevo, como aclives e declives agudos, que foram superados pela tecnologia desenvolvida no país. Uma forma de afirmar que a diferença de altitude entre as cidades envolvidas, incluindo a Serra das Araras, não é impedimento para o projeto.
- O Brasil dispõe de mão-de-obra qualificada para tocar uma empreitada desse porte, e estamos aqui para dar todo o suporte de engenharia necessário. A ligação entre Rio e São Paulo tem potencial econômico e turístico elevado. Executado de forma séria e precisa, não há como o projeto dar errado. No Japão, registramos um crescimento de 300 milhões de novos usuários por ano no sistema de alta velocidade. Temos certeza de que no Brasil não será diferente – disse Masao Suzuki, o vice-presidente da Mitsui do Brasil.
O governo federal espera abrir licitação para a obra ainda este ano, e a intenção é que a ligação, ou parte de dela, esteja pronta para a Copa de 2014. Pelo modelo como está sendo estudada, a linha entre Campinas e o Rio teria cerca de 500 km e oito estações. A previsão é que o trem-bala seja usado por cerca de 31 milhões de pessoas somente no primeiro ano de operação.